Alto responsável pede demissão após condenações no caso do terramoto de Áquila

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A sentença foi conhecida esta segunda-feira Foto: Filippo Monteforte/AFP

O presidente da Comissão para a Previsão e Prevenção de Grandes Riscos italiana, o físico Luciano Maiani, pediu a demissão esta terça-feira em protesto contra a condenação a seis anos de prisão de seis membros daquele organismo por terem subestimado os riscos do terramoto de Áquila, em 2009, no qual morreram 309 pessoas.

Os seis cientistas especialistas em sismos, colegas de Luciano Maiani, e o subdirector da protecção civil em 2009, Bernardo de Bernardinis, eram acusados de ter fornecido informação “incompleta e contraditória” sobre os perigos relativos aos abalos que se sentiram antes do sismo de 6 de Abril, de magnitude 6,3, que devastou a cidade italiana de Áquila. Os sete arguidos foram condenados por “homicídio por imprudência”, por não terem informado a população sobre a possibilidade de um terramoto para que esta pudesse proteger-se.

“Não tenho condições para trabalhar com serenidade”, disse o presidente da Comissão para a Previsão e Prevenção de Grandes Riscos ao anunciar o seu pedido de demissão em declarações à agência noticiosa italiana Ansa.

Luciano Maiani admitiu que outros responsáveis da comissão a que preside deverão pedir também a sua saída do organismo, nomeadamente o vice-presidente Mauro Rosi e o presidente honorário Giuseppe Zamberletti.

A condenação dos seis membros da comissão provocou várias críticas entre a comunidade científica. Alguns cientistas questionados pela agência AFP afirmaram-se “chocados” com a decisão judicial, considerando que esta abriu um “precedente muito perigoso”. A Union of Concerned Scientist, uma organização não governamental norte-americana, qualificou a sentença como “absurda" e "perigosa”.

Numa entrevista publicada esta terça-feira pelo diário Corriere della Sera, Luciano Maiani considerou o veredicto como “um grave erro”, criticando que não tenha sido aberto “qualquer inquérito contra os que construíram de forma inapropriada numa zona de risco”. “Não é possível dar ao Estado avisos serenos, desinteressados e altamente profissionais com uma tal pressão judicial e mediática. Isto nunca aconteceu noutro país do mundo. Isso significa a morte do serviço prestado por profissionais ao Estado”, defendeu o responsável.

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