O Porto lidera com colégios do Rosário e Horizonte

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O Colégio Nossa Senhora do Rosário pertence à congregação do Sagrado Coração de Maria Foto: Paulo Pimenta

São ambas do Porto, ambas privadas e ambas ligadas à Igreja Católica: as escolas mais bem classificadas nos rankings do 9.º ano do básico e do secundário são os colégios Horizonte e Nossa Senhora do Rosário, respectivamente.

E as semelhanças não se ficam por aqui. As duas instituições anunciam projectos educativos que extravasam a componente académica e a mera preparação para os exames nacionais.

Mais consistente nos lugares cimeiros dos rankings, a classificação do Rosário em primeiro lugar começa a tornar-se numa não notícia. Também porque a receita se tem mantido inalterada: corpo docente estável e a trabalhar em exclusividade, cargas horárias reforçadas para determinadas disciplinas, ensino personalizado, mesmo que as turmas tenham de ser partidas ao meio. A par disso, a escola privilegia a formação espiritual dos alunos e a sua participação em projectos de voluntariado. “O desempenho nos exames é resultado de uma aposta na formação global dos alunos”, congratula-se o director João Trigo, para quem é a conjugação das diferentes vertentes que sustenta a reputação do Colégio do Rosário — uma das melhores e também uma das mais elitistas e mais caras da cidade. “A fama de elitista vem de os pais dos nossos alunos terem de ter dinheiro para pagar as propinas, que são a nossa condição de sobrevivência”, justifica o director. A escola é propriedade do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria.

Com pouco mais que 1500 alunos, e mensalidades entre os 411 euros no pré-escolar e os 500 euros no secundário, a instituição tem registado saídas de alunos “ligeiramente acima do normal”. Não obstante, e apesar da crise galopante (e de ao preço das mensalidades acrescer o custo das refeições e das actividades extracurriculares como ballet, karaté ou natação), continua a “tradição” de muitos pais correrem a assegurar a inscrição dos seus filhos mal estes acabam de nascer. João Trigo garante que não é feita qualquer pré-selecção baseada no perfil académico do aluno. Pelo menos até ao 8.º ano. A partir daí, “é menos provável que um aluno com chumbos no currículo consiga entrar”.

Só para meninas

Com uma dimensão muito mais reduzida, o Colégio do Horizonte — um dos quatro criados há 34 anos por uma cooperativa de pais ligada à Opus Dei e que integra os colégios dos Cedros, em Gaia, e Planalto e Mira Rio, em Lisboa — não é muito diferente, se descontarmos, além da pequena dimensão, o “pormenor” do ensino diferenciado, o que na prática significa que só encontramos raparigas sentadas nas salas de aula. “Temos um corpo docente estável e uma formação integral e personalizada. Temos preceptores que acompanham cada aluna, a conhecem e às suas características e dificuldades, e coordenam a acção educativa de todos os professores sobre essa aluna. O facto de, desde muito cedo, incutirmos nos alunos hábitos de trabalho é outro dos traços que nos distinguem”, enumera a subdirectora, Clara Ledo.

As mensalidades variam entre os 379 euros no pré-escolar e os 591 euros no secundário. A estes montantes soma-se o preço das refeições (entre 92 e 108 euros) e das actividades extracurriculares.

Com 200 alunas repartidas entre dois pólos, o Horizonte tem turmas pequenas, o que facilita a tarefa dos professores. “As alunas de cá têm um acompanhamento familiar muito intenso, o que também ajuda, mas uma das coisas que me pediram quando entrei foi que marcasse bastantes trabalhos de casa e é impensável que elas apareçam sem os terem feito”, conta Helena Soares Pinto, 59 anos, professora de Matemática. Durante 38 anos leccionou em escolas públicas. “Aqui há um envolvimento de todas as professoras com os problemas das alunas, dentro e fora da escola, os programas são cumpridos na íntegra e, no período que antecede os exames, as alunas têm aulas extra”, compara.

O facto de não haver rapazes a ameaçar distracção parece ajudar. “Os rapazes são mais agitados e nós somos mais caladas e mais concentradas. Sem rapazes, conseguimos ter uma aula inteira só com teoria”, conclui Luísa Torres, de 15 anos.

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