Kadima abandona a coligação do Governo israelita

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Kadima tinha-se coligado com o Likud há apenas dois meses Baz Ratner/Reuters

O “número dois” do Governo israelita, Shaul Mofaz, anunciou esta terça-feira que o Kadima, partido que dirige, vai abandonar a coligação do Governo liderado Benjamin Netanyahu. Tudo porque não se conseguiram entender quanto à possibilidade de o serviço militar passar a ser obrigatório para os judeus ultra-ortodoxos (haredim), como acontece com todos os israelitas.

O Kadima, com 28 dos 120 assentos do Parlamento israelita, coligou-se com o Likud de Netanyahu há apenas dois meses com o objectivo de acabar com a isenção ao serviço militar para os ultra-ortodoxos. Mas a coligação desfez-se ainda antes de a proposta ser votada no Parlamento.

Mofaz exige a entrada imediata dos jovens ultra-ortodoxos nas forças armadas, Netanyahu defende uma medida gradual. Ainda na segunda-feira o primeiro-ministro se tinha dito confiante sobre a possibilidade de os dois partidos conseguirem apresentar uma proposta de lei conjunta. Mas a gota de água para o Kadima terá sido precisamente a nova proposta do primeiro-ministro, que Mofaz entendeu “contradizer a decisão do Supremo Tribunal de Justiça” – que considerou a excepção para os haredim inconstitucional.

“Estamo-nos a referir a objectivos de alistamento que não incluem todos os elegíveis”, prosseguiu Mofaz. “E com isso estamos a permitir uma ‘lavagem de palavras’, que na prática deixa as coisas como elas estão.”

Um dirigente do Kadima disse ao diário israelita Ha’aretz que a proposta apresentada nesta terça-feira não difere das anteriores. “Não há aqui nenhum alistamento obrigatório até aos 23 anos”, explicou.

“Netanyahu escolheu o lado dos refractários”, afirmou Mofaz no final de uma reunião do partido, convocada de emergência depois de a nova proposta do Likud ter sido apresentada. “Cheguei a um ponto em que percebi que o primeiro-ministro não nos deixou escolha e por isso respondemos.”

O “vice” e rival político de Netanyahu falou ainda numa “tentativa de passar por cima dos princípios” e de “confundir” as pessoas. “Ele não me engana e não vai enganar as pessoas”, sublinhou Mofaz.

Desde a fundação do Estado de Israel, que o estatuto privilegiado de que beneficiam os ultra-ortodoxos os dispensa de cumprirem o serviço militar, com a justificação de não interromper os seus estudos religiosos.

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