Merkel diz que acordo sobre medidas de curto prazo não dispensa contrapartidas

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Foto: Georges Gobet/ AFP Photo

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta sexta-feira, em Bruxelas, que o acordo alcançado esta madrugada pelos líderes da zona euro sobre medidas a curto prazo para ajudar economias em crise não é isento de contrapartidas.

“Penso que conseguimos algo de importante, mas mantivemo-nos fiéis à nossa filosofia: não há ajudas sem contrapartidas”, disse Merkel, citada pela AFP, à entrada do segundo e último dia da cimeira europeia, sem especificar quais.

“Continuamos inteiramente no esquema anterior: prestação, contrapartida, condicionalidade e controlo”, sublinhou.

Por seu lado, o presidente francês, François Hollande, mostrou-se satisfeito com os “bons efeitos” das medidas decididas de madrugada.

O acordo foi conseguido durante uma reunião dos líderes dos países do euro que arrancou de forma inesperada às primeiras horas desta sexta-feira, depois de terminado o primeiro de dois dias de uma cimeira dos 27 chefes de Estado ou de Governo da União Europeia (UE). O acordo entre os respectivos líderes autoriza, em certas condições, os fundos de socorro a comprar dívida dos dois países no mercado e a recapitalizar directamente os bancos.

Reunião de emergência em Berlim

Em Berlim, o Partido Social-Democrata alemão (SPD), na oposição, anunciou uma reunião de emergência, ainda nesta sexta-feira, da comissão de Finanças do Parlamento alemão, para discutir os resultados da cimeira europeia.

A reunião estava prevista para o final da manhã, para discutir os resultados alcançados hoje de madrugada, poucas horas antes de uma votação crucial para a chanceler Merkel no Parlamento. Um deputado do SPD, Carsten Schneider, disse no Twitter que Merkel deveria explicar a sua “viragem de 180 graus”.

As duas câmaras do Parlamento alemão devem votar o pacto orçamental europeu, um instrumento de disciplina financeira, e a entrada em vigor do novo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que deverá substituir em permanência o actual FEEF. Nos dois casos, é necessária uma maioria de dois terços, que até agora estava garantida.
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