Hollande garante sintonia franco-alemã para “aprofundar a união económica”

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Hollande recebeu Merkel para um jantar de trabalho no Palácio do Eliseu Foto: Bertrand Langlois/AFP

Discursando ao lado de Merkel antes da reunião no Palácio do Eliseu, Hollande afirmou: “Queremos, tanto um como o outro, aprofundar a união económica, monetária e, amanhã, política para chegar a uma integração e à solidariedade”.

A garantia dada por Hollande surge numa altura de desacordo entre os responsáveis políticos europeus sobre as soluções para resolver a crise das dívidas na zona euro. “Estamos na véspera de um Conselho Europeu importante, já trabalhámos muito. Houve progressos, sobretudo no que se refere ao crescimento que é objecto de várias discussões”, afirmou o novo Presidente francês.

Antes de viajar para Paris, Merkel reforçou a sua recusa em relação à ideia de a zona euro passar a emitir dívida conjunta entre os países da moeda única, a médio prazo. Às propostas lançadas na terça-feira por Herman Van Rompuy (presidente do Conselho Europeu), Durão Barroso (Comissão), Mario Draghi (BCE) e Jean-Claude Juncker (Eurogrupo) a favor da criação de euro-obrigações, Merkel respondeu hoje num discurso na Câmara Baixa do Parlamento alemão, classificando-as como “soluções fáceis”.

No Eliseu, Merkel considerou que a situação é “séria” e concordou com Hollande quanto à ideia de reforçar a união económica na zona euro, falando na “obrigação de construir a Europa forte e estável de amanhã”. “É preciso mais Europa, é preciso uma Europa que funcione, é preciso uma Europa cujos membros se entendam”, reforçou.

Já ontem Paris serviu de cenário de uma reunião entre os ministros das Finanças das quatro maiores economias europeias, a convite do francês Pierre Moscovici aos homólogos alemão, espanhol e italiano. Os líderes políticos destes mesmos quatro países procuraram na última sexta-feira concertar posições, em Roma, sobre a forma de responder à crise, comprometendo-se a utilizar todos os mecanismos para garantir a estabilidade financeira.

Nessa altura, Angela Merkel, François Hollande, Mario Monti e Mariano Rajoy saíram do encontro garantindo o lançamento de um programa de estímulo e crescimento da economia europeia, num montante até 130 mil milhões de euros. Mas o confronto de posições em matéria de emissão de euro-obrigações entre Berlim, de um lado, e as outras três capitais europeias, do outro, adensou-se nos últimos dois dias, com Merkel a repetir que recusa a perspectiva de ser criado um mecanismo de emissão conjunta de dívida entre os países do euro.