Fundação Bertelsmann apresenta projecto para agência de rating europeia

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Foto: Ralph Orlowski/ Reuters (arquivo)

A Fundação Bertelsmann, detentora do maior grupo europeu da comunicação social, apresentou hoje um projecto para criar uma agência de notação financeira (rating) europeia que faça concorrência às três grandes agências norte-americanas.

Em comunicado à imprensa, a fundação alemã anunciou que pretende atrair para o projecto investidores da Ásia e da América Latina. A Fundação critica as notações atribuídas pelas principais agências dos EUA (a Fitch, a Standard & Poors e a Moddy´s) a Estados europeus, acusando-as de terem contribuído para a actual crise da dívida soberana na zona euro.

“As várias notações duvidosas sobre a credibilidade financeira de Estados contribuíram para a recente crise financeira. Precisamos urgentemente de uma instituição adicional que avalie os riscos financeiros de países”, sublinhou o presidente da Fundação Bertelsmann, Gunter Thielen.

A Bertelsmann irá agora tentar convencer os países industrializados e países emergentes que integram o G-20 quanto à sua proposta, que prevê a criação de uma agência de notação com fins não lucrativos, com um capital inicial de 400 milhões de dólares (cerca de 306 milhões de euros).

No projecto podem participar Estados, empresas, fundações e investidores privados, precisou a Bertelsmann.

Roland Berger não conseguiu reunir capital

A proposta surge na sequência de uma notícia publicada na segunda-feira na edição alemão do matutino Financial Times sobre as dificuldades que a consultora Roland Berger estaria a ter para criar uma agência europeia de rating, por não ter conseguido reunir o capital necessário (cerca de 300 milhões de euros) junto da banca.

Um porta-voz do Governo alemão lamentou um eventual fracasso do projecto da Roland Berger, lembrando, porém, que a futura agência de rating europeia deve ser constituída por privados, e não pelos Estados, para não pôr em causa a imparcialidade das mesmas.

No seu projecto, no entanto, a Bertelsmann estimula a participação dos Estados na futura agência europeia e promete resolver eventuais conflitos de interesses através da criação de uma espécie de comissão arbitral, um grémio que actue como moderador, e que poderá incluir, nomeadamente, cientistas e associações de defesa do consumidor.

A Fitch, a Standard & Poors e a Moody’s, que detêm 95% do mercado das notações financeiras, foram acusadas por economistas e políticos de ter avaliado de forma demasiado positiva os bancos hipotecários norte-americanos, em 2008, imediatamente antes de eclodir a chamada crise do subprime.

Mais recentemente, as referidas agências foram também criticadas por terem colocado países da zona euro, como a Grécia e Portugal, à beira do incumprimento, atribuindo-lhes notas equivalentes a “lixo”, e inviabilizando o respectivo acesso aos mercados financeiros.

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