Relvas não apresentou propostas aos parceiros sociais sobre o desemprego jovem

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Miguel Relvas é o coordenador da Comissão Interministerial de Criação de Emprego e Formação Jovem Foto: Nuno Ferreira Santos

A reunião foi anunciada como sendo uma iniciativa do Governo para debater soluções para os jovens desempregados, ficando Miguel Relvas, ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, como coordenador da nova Comissão Interministerial de Criação de Emprego e Formação Jovem. Os dados mais recentes do INE apontam para um agravamento da situação do desemprego entre os jovens, tendo a taxa de desemprego entre os jovens ultrapassado, no final de 2011, os 35%.

Mas – tal como informou Miguel Relvas nas reuniões – a iniciativa da reunião com os parceiros sociais surge em resposta ao pedido do presidente da Comissão Europeia para auscultar confederações sindicais e patronais sobre o desemprego dos jovens. O Governo português espera poder enviar esta semana as propostas dos parceiros sociais, com vista a preparar o Conselho Europeu de 2 de Março.

Durante a reunião com a delegação da CGTP, os membros do Governo mal se pronunciaram sobre o problema. A intenção era mais ouvir. A CGTP criticou a política macroeconómica seguida, com os sucessivos pacotes de austeridade e o acordo tripartido recentemente assinado com a UGT, que está a contribuir para o agravamento do desemprego e não para a criação de postos de trabalho. Por isso, foi pedido a sua revogação.

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, não poupou críticas ao Executivo e acusou o ministro Miguel Relvas de estar a “tentar iludir a opinião pública para dar ideia que está preocupado com o desemprego juvenil quando, na prática, as políticas que estão a ser seguidas, não só não criam emprego, como destroem emprego e são responsáveis pelo número elevadíssimo de desempregados”.

Quando a medidas, a CGTP propôs um combate à precariedade e aos falsos recibos verdes, o lançamento de uma campanha para atacar os postos de trabalho precários em funções permanentes, o reforço da protecção dos desempregados. Para as micro e PME, a central sindical adiantou uma linha de financiamento através da CGD, a redução dos custos de contexto e uma maior atenção e protecção a estas empresas que, segundo o secretário-geral Arménio Carlos, “estão a ser esmagadas pelos grupos económicos”.

Dada a ausência de propostas por parte do Governo, a reunião foi encarada pela CGTP como uma “manobra de diversão”. “É uma manobra de propaganda pura e dura”, afirmou Arménio Carlos no final de um encontro.

Iniciativa não resolve o problema, diz UGT e CCP

Já a UGT, nas palavras de João Proença, elogiou a iniciativa do Governo, mas adiantou que “não resolve o problema”. “Isto não resolve o problema do emprego jovem, mas poderá atenuar fortemente o desemprego dos jovens se for uma medida bem conduzida”, disse João Proença aos jornalistas no final de um encontro, citado pela Lusa. Idêntica opinião teve o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes. "É uma proposta positiva, mas naturalmente que isto por si só não cria emprego”, disse o responsável da CCP, citado pela Lusa.

João Vieira Lopes afirmou que fará chegar às mãos do governante, ainda esta semana, um conjunto de propostas que potenciem a criação de emprego jovem em Portugal. A primeira, segundo explicitou, passa pela “articulação dos estágios com a posterior contratação nas empresas” e, uma segunda tem a ver com a área do empreendedorismo.

“Numa altura de crise como esta, em que a economia não cresce e o desemprego é grande, o empreendedorismo com o eventual apoio de crédito da banca é uma das poucas áreas em relação às quais podemos criar emprego, em particular, no sector dos serviços”, disse Vieira Lopes, ainda de acordo com a Lusa.

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