Representante dos credores privados deixou Atenas antes do fim das negociações para perdão de dívida

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Foto: John Kolesidis/ Reuters (arquivo)

O director-geral do Instituto da Finança Internacional (IFI), Charles Dallara, representante dos credores privados internacionais, deixou hoje Atenas sem que estejam concluídas as negociações sobre o perdão de parte substancial da dívida do país.

As negociações continuarão por telefone durante o fim-de-semana, segundo as agências internacionais. No entanto, uma fonte identificada pela Reuters como “próximas das negociações” disse que é improvável que seja alcançado um acordo antes da próxima semana. O objectivo inicial era que os privados perdoassem metade da dívida grega de que são credores, mas entretanto já foi noticiado que o corte que vão aceitar deverá chegar a 65 ou 70 por cento do seu valor.

Apesar dos avanços nas negociações que têm sido relatados, a imprensa grega tem dado conta de que se mantém a discórdia sobre as taxas de juro das novas obrigações que Atenas vai emitir em substituição das existentes – ponto que levou à interrupção das negociações na anterior semana.

Dallara voou para Paris com seu conselheiro especial Jean Lamierre, após dois dias de contactos com o primeiro-ministro e o ministro das Finanças gregos, Lucas Papademos e Evangélos Vénizélos. “As coisas estão complicadas. Estamos a aproximarmo-nos quanto aos números mais ainda há bastante trabalho pela frente”, disse a mesma fonte à Reuters.

O IIF disse, num curto comunicado emitido ontem, que estavam “a tomar forma” os elementos para este acordo, que visa obter o perdão de cem mil milhões de euros de dívida grega, que totaliza mais de 350 mil milhões. Trata-se de um “acordo histórico” que “contribui para a estabilidade económica da Grécia, da zona euro e da economia mundial”, lê-se no mesmo texto.

O Governo grego apostava em alcançar um acordo até ontem, dia em que as negociações decorreram ontem em ritmo de maratona, tendo durado até à meia-noite. Ao sair, a essa hora, da residência do primeiro-ministro, Evangélos Vénizélos tinham dito que as negociações prosseguiriam hoje. No entanto, não foram marcados novos encontros e já a meio da tarde (hora de Atenas) as agências noticiaram a partida de Dallara.

A reestruturação da dívida da Grécia a credores privados é uma pré-condição para o país conseguir um novo pacote de ajuda dos países europeus e do FMI. Se não o conseguir, o país chegará a Março sem ter como pagar 14,5 mil milhões de euros de dívida que vence nessa altura, entrando assim numa situação de incumprimento de reembolso de consequências imprevisíveis para a zona euro e mesmo para a estabilidade financeira global.

Portugal poderá ser um dos países mais afectados por uma situação desse tipo, pois nos últimos dias os juros a sua dívida pública já tem estado sob forte pressão nos mercados secundários, com os juros implícitos a baterem novos máximos na era do euro aparentemente devido ao receio de contágio da Grécia.

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