Escócia quer referendar independência no Outono de 2014

Foto
Apenas 38 por cento dos escoceses apoia a separação face ao Reino Unido Russell Cheyne/Reuters

O governo autónomo da Escócia quer que o referendo à independência em relação ao Reino Unido se realize no Outono de 2014, ou seja, muito depois da data pretendida por Londres.

A revelação foi feita no mesmo dia em que o Governo britânico definiu as condições em que o executivo nacionalista de Alex Salmond será autorizado a realizar o referendo, insistindo que uma consulta sem o aval de Westminster será inconstitucional.

Segundo a proposta apresentada pelo ministro para a Escócia, Michael Moore, o boletim de voto deverá apenas incluir as opções “sim” ou “não” à independência, ficando afastada a hipótese de questionar os eleitores sobre a possibilidade de uma autonomia ainda mais alargada para a região. Esta opção tem o apoio da vasta maioria da população escocesa e Londres teme que seja usada para, posteriormente ao referendo, ser usada por Salmond para exigir mais poderes.

Londres quer ainda que seja a comissão eleitoral britânica, e não um organismo local, a supervisionar o referendo e que este se realize “mais cedo do que tarde”.

Reagindo a esta iniciativa, o primeiro-ministro escocês reafirmou que o “referendo será feito na Escócia” e aprovado pelo Parlamento de Edimburgo, pelo que “não vale a pena [o Governo britânico] tentar puxar os cordelinhos por trás da cortina”.

“O Outono de 2014 é a data que oferece melhores condições para a Escócia ter um referendo pensado”, disse Salmond, em entrevista à Sky News, acrescentando que realizar a consulta no prazo de dois anos e meio "permitirá aos eleitores ouvir todos os argumentos”.

O primeiro-ministro escocês foi reeleito com maioria absoluta em 2010, prometendo avançar com a velha causa da independência da nação, actualmente parte do Reino Unido. A data de 2014 permite a Edimburgo beneficiar do efeito das celebrações dos 700 anos da batalha de Bannockburn, em que os escoceses bateram o Exército inglês.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que como todos os restantes líderes partidários do Reino Unido se opõe à cisão, disse estar disponível para autorizar Salmond a realizar a consulta, mas nos termos definidos por Londres e no mais breve prazo possível, alegando que a actual incerteza está a prejudicar a economia da região (em cujo mar se concentram os recursos petrolíferos do país).

Segundo as últimas sondagens, os escoceses favoráveis a uma separação do Reino Unido são minoritários – 38% segundo as últimas sondagens apoiam a ideia –, mas uma esmagadora maioria apoia uma maior autonomia, incluindo em termos fiscais para a região.

Sugerir correcção
Comentar