Pai de turista preso por fogo no Chile fala em “bode expiatório”

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O incêndio já destruiu 11.500 hectares do Parque Nacional Torres del Paine Stringer/Reuters

O pai de um turista israelita, detido neste sábado por ser o presumível autor do incêndio no Chile, insurgiu-se hoje, acusando as autoridades chilenas de terem procurado um “bode expiatório”.

“Ele não poderia ter provocado este incêndio. Encontrava-se a um quilómetro do foco de incêndio quando foi acordado com os seus amigos”, afirmou à rádio militar israelita Yehezquel Singer, o pai de Rotem Singer, com 23 anos. “As autoridades chilenas procuraram um bode expiatório”, acrescentou.

O avô do turista, Gilad Harel, disse ao jornal Yediot Aharonot que os factos são “bizarros”, salientando que o seu neto é “uma pessoa responsável e que serviu numa unidade de combate do Exército”.

Rotem Singer está em liberdade condicional, por ter sido considerado ontem o presumível autor do incêndio que, desde terça-feira, já destruiu 11.500 hectares do Parque Nacional Torres del Paine, uma das maiores belezas naturais da América do Sul e uma zona declarada Reserva da Biosfera pela Unesco.

Os pais de Singer viajarão nos próximos dias para o Chile para acompanhar o filho, informa a edição online do jornal “Yediot Aharonot”. “Rotem é um jovem que ama a natureza e que sabe como comportar-se nas caminhadas. Conhecia a reserva antes de lá chegar e esse tipo de comportamento não é típico seu”, disse o seu pai”.

Um amigo e companheiro de viagem de Rotem Singer disse hoje à rádio israelita Galei Tzahal que a rápida propagação do fogo se deu porque durante 12 horas ninguém fez nada para o apagar. “O fogo começou na terça-feira, às 18h00, e até ao amanhecer ninguém fez caso disso”, comentou Mandi Gisser à rádio, citado pelo jornal chileno El Mostrador.

Este turista, a falar a partir do Chile, contou que o seu amigo Singer pegou fogo a um papel mas que se assegurou de que estava apagado. “Não há possibilidade nenhuma de ele ter causado o incêndio. Não é uma floresta de pinheiros, o solo estava todo verde e não era um dia de calor. Não estavam reunidas as condições para provocar um incêndio com uma pequena faísca”, explicou Gisser.

Rotem Singer estará em liberdade condicional por três meses, até que as investigações sejam concluídas.

O procurador Juan Meléndez confirmou ontem que Singer “confessou que, numa acção involuntária, queimou um pedaço de papel higiénico, o que acabou por produzir o incêndio”. Meléndez acrescentou que a sua detenção só foi possível graças às informações prestadas por uma testemunha que terá observado o turista.

O incêndio obrigou à evacuação de todo o parque e à retirada de cerca de 400 turistas.

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