Executivos vêm o apoio às PME como o melhor estímulo para Portugal crescer

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24% dos executivos consideraram o apoio às indústrias de alta tecnologia um dos melhores incentivos ao crescimento português Foto: Rita Baleia/Arquivo

Portugal vai estar em profunda recessão em 2012, com a economia a cair 3%, segundo as previsões, mas como estimular o crescimento nos próximos dois anos? À pergunta, 33% dos 207 líderes empresariais inquiridos pela consultora Ernst & Young num estudo sobre a economia nacional responderam que o contributo passa pelo apoio às Pequenas e Médias Empresas (PME).

No estudo, o Ernst & Young Portuguese Attractiveness Survey 2011, que a consultora apresenta nesta terça-feira, foi analisada a capacidade de Portugal atrair Investimento Directo Estrangeiro (IDE).

O inquérito foi realizado entre Janeiro e Fevereiro deste ano, ou seja, antes de Portugal pedir a Bruxelas a intervenção externa, mas tinha já em conta a trajectória de deterioração da economia portuguesa, depois dos cortes de rating a Portugal e da intensa pressão dos mercados financeiros sobre a dívida nacional.

Entre 11 opções listadas, os inquiridos tinham de seleccionar duas ideias para identificar as que mais podem ajudar o país a crescer em dois anos. Houve um maior número de executivos a identificar os estímulos às PME como o factor mais proveitoso para ajudar o país a crescer, mas boa parte (31%) seleccionou a opção “redução da carga fiscal”.

24% consideraram que um dos melhores estímulos é o apoio às indústrias de alta tecnologia e inovação, 19% seleccionaram a necessidade de ser facilitado o acesso ao crédito, 13% escolheram o investimento em projectos de infra-estruturas urbanas, 12% identificaram o estreitamento da ligação entre as universidades portuguesas e outras prestigiadas no estrangeiro e 10% escolheram ainda a redução de custos com mão-de-obra. Houve 4% de inquiridos que responderam não saber; 3% não identificaram resposta(s).

“As perspectivas de deterioração do rating de Portugal ao longo de 2010 conduziram ao cancelamento de decisões de investimento, e tornou muito vulnerável a permanência dos investidores já instalados”, refere-se no editorial deste estudo.

As respostas foram dadas nos dois primeiros meses do ano, antes de Portugal negociar o pacote de 78 mil milhões de euros do empréstimo externo e de se comprometer com as medidas de ajustamento com a União Europeia e o Fundo Montário Internacional. O contexto, contudo, não é alheio à tendência de perda de investimento estrangeiro que a Europa enfrentou nos últimos anos. De 2009 para 2010, a União Europeia captou menos 12% de IDE, uma quebra que se traduziu numa diminuição para 226 mil milhões de euros, segundo refere a consultora.

“A Europa tem que descolar da fase de estagnação em que se encontra de forma a conseguir concorrer com as economias de crescimento rápido na captação de investimento”. Mas o problema não tem muitas “formas diferentes” de ser encarado, diz-se no mesmo texto, pelo que a Europa terá de ser “fiscalmente agressiva” e ser forte na produção de produtos de alta qualidade para competir com os países emergentes.

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