Fitch corta rating português por causa do baixo crescimento
Os títulos portugueses passam assim, para esta agência, para um nível ao qual é atribuída no mercado a denominação de “junk bond” (lixo). Outra agência internacional, a Moody's, já atribui actualmente um rating semelhante a Portugal: Ba2 (o equivalente a BB). A Standard & Poor's atribui um rating mais alto (BBB-) e a canadiana DBRS mantém-se no BBB. A agência chinesa Dagong também baixou hoje o rating atribuído a Portugal para BB+.
Depois de baixar o rating, a Fitch mantém ainda assim uma tendência negativa, o que significa que, no futuro, poderão realizar outros cortes ao rating português. Todas as outras agências também têm uma tendência negativa para a classificação atribuída a Portugal.
A descida de rating de hoje não tem, no imediato, um impacto significativo para Portugal, uma vez que o país está, nesta fase, a obter financiamento através dos seus parceiros da zona euro e do FMI, recorrendo numa escala muito reduzida ao mercado. No futuro, contudo, quando Portugal quiser recorrer de novo aos mercados, estas classificações podem ser importantes.
Com medo dos riscosNa nota hoje publicada, a agência justifica o corte realizado, afirmando que "o grande desequilíbrio orçamental, o elevado endividamento em todos os sectores e o cenário macroeconómico negativo" já não são consistentes com que o anterior rating de BBB+. Em particular, a Fitch assinala a deterioração do cenário macroeconómico na Europa, que a leva a baixar as persectivas de crescimento para Portugal. Agora, a projecção é de uma constracção de 3% do Produto em 2012, o que "torna o plano do Governo de redução do défice mais difícil e terá um impacto negativo na qualidade dos activos dos bancos".
A Fitch deixa alguns elogios à estratatégia seguida pelo Governo e pela troika. Diz que as reformas estruturais que serão feita deixam o país numa posição mais competitiva, mas apenas no longo prazo.Além disso, acredita que os objectivos do défice de 5,9% este ano e de 4,5% em 2012 serão cumpridos, dizendo mesmo que o Orçamento do Estado está bem desenhado. No entanto, assinala que, este ano, o objectivo do défice apenas será garantido graças aos fundos de pensões da banca e considera que, para 2012, "o risco de derrapagem - seja devido a piores resultados macroeconómicos ou a um controlo insuficiente da despesa - é grande". Por isso, a Fitch diz que "existe uma probabilidade significativa de que novas medidas de consolidação sejam necessárias durante o ano de 2012".
Na nota publicada ontem, a agência mostra ainda uma forte preocupação em relação às pressões provenientes do sector bancário e do sector empresarial do Estado.
Notícia actualizada às 12h15