Perdão dos bancos à dívida grega será superior a 50%, confirma Juncker

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Juncker crítica a forma como a Alemanha tem conduzido o processo de resolução da crise Francois Lenoir/Reuters

O presidente do eurogrupo, Jean-Claude Juncker, disse hoje que os bancos e outras instituições terão de aceitar perdas de 50 ou 60% da dívida grega para garantir a sustentabilidade da mesma.

“Os investidores privados, os bancos, o sector privado, todos têm de participar de forma muito mais substancial para garantir que o peso da dívida grega seja sustentável no longo prazo. Em Julho dissemos que o valor seria de 21%. Esse valor é agora insuficiente. Tem de ser consideravelmente mais elevado, 50 ou 60%, é disso que estamos agora a falar”, disse o também ministro das Finanças do Luxemburgo numa entrevista televisiva, citada pela agência Bloomberg.

Também hoje, a Comissão Europeia disse preferir “claramente” uma abordagem voluntária ao envolvimento do sector privado nas perdas a suportar com a reestruturação da dívida grega, sublinhou o porta-voz do comissário dos Assuntos Económicos e Monetários, Amadeu Altafaj Tardio.

Num encontro com os jornalistas, o porta-voz para os assuntos económicos frisou que o envolvimento do sector privado num segundo pacote de ajuda financeira à Grécia deve ser voluntário, e acrescentou que o acordo com os bancos “está muito próximo”, concluindo que o envolvimento do sector privado é “muito importante”.

Os comentários de Altafaj surgem num momento em que os bancos expostos à dívida pública da Grécia arriscam-se a ter de suportar bem mais que os 21% já acordados relativamente à redução do valor que o país vai usar para saldar os seus compromissos financeiros com os credores internacionais.

Reunidos ontem em Bruxelas para procurar superar as divergências em torno de uma resposta comum à crise da dívida, os chefes de Estado e de Governo voltam a encontrar-se numa cimeira na quarta-feira, para tentar formalizar as decisões para um acordo abrangente de resolução da crise que passe pelo reforço da capacidade de intervenção do fundo de socorro do euro.

Juncker mostrou-se crítico da forma como a Alemanha tem conduzido o processo de resolução da crise. Numa entrevista publicada ontem no site da revista Der Spiegel, o presidente do eurogrupo declarou que “o funcionamento é mais lento em Berlim do que nas outras capitais” europeias, referindo-se à decisão do Tribunal Constitucional alemão que obriga a aprovação formal no parlamento nacional das decisões futuras sobre os programas de assistência aos países em dificuldades.

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