João Salgueiro: “Se continuarmos a afundar-nos, teremos de fazer coisas ainda piores”

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Enric Vives-Rubio

O economista João Salgueiro considera que não há limites para os sacrifícios que podem ser exigidos aos portugueses e admite mesmo que, se o país continuar a afundar-se, sejam necessárias medidas mais graves.

Em declarações aos jornalistas à margem do 4º Congresso Nacional dos Economistas, que começou hoje em Lisboa, o ex-presidente da Associação Portuguesa de Bancos disse que é difícil não concordar com o que o Presidente da República disse sobre a eliminação dos subsídios de férias e de Natal para funcionários públicos e pensionistas. Hoje, Cavaco Silva afirmou que esta medida constitui uma “violação do princípio da equidade fiscal” e que o Governo poderá ter ultrapassado o limite dos sacrifícios exigidos aos portugueses no caso dos pensionistas.

João Salgueiro partilha da opinião do Presidente, mas salvaguarda que, na prática, “não há limites aos sacrifícios”. “Se continuarmos a afundar-nos, teremos de fazer coisas ainda piores”, afirmou.

O economista dá como exemplo a necessidade de Portugal concorrer com os países asiáticos, onde “os salários são um quarto dos nossos e, ainda assim, eles poupam 30%”. “Ainda não percebemos que estamos a concorrer, não com os países europeus, mas com os países asiáticos”, salienta.

Os portugueses já perceberam que “não há almoços grátis”

Na sua intervenção no congresso, João Salgueiro disse que a sociedade portuguesa “já percebeu que não há almoços grátis”.

"O dinheiro gasto [pelo Estado] acaba por ser pago pelos portugueses”, ou seja, “a despesa transforma-se em imposto”, afirmou, dando vários exemplos disso: a eliminação dos subsídios para funcionários públicos e pensionistas, a redução das prestações socias, o aumento das propinas, etc.

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