Ouro que se encontra na Terra poderá ter chovido do céu

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No início da história da Terra houve muitos bombardeamentos de asteróides Julian Baum/Take 27 Ltd

O metal mais precioso, que existe nos anéis e nos brincos e continua a ser um valor seguro em tempos de crise, poderá ter vindo numa chuvada de meteoritos que alterou a proporção de vários metais na constituição da Terra, 200 milhões de anos depois da sua formação. Uma equipa de cientistas, ao analisar rochas muito antigas, descobriu sinais desta colisão. O estudo foi publicado nesta quarta-feira na edição online da revista Nature.

Há 30 anos surgiu a teoria de que este ouro veio numa chuvada de meteoritos – algo muito comum no início da história do planeta. Esta é a melhor forma de explicar a quantidade deste e de outros elementos que existem à superfície.

A Terra tem um núcleo metálico, feito sobretudo de ferro e níquel, que está coberto pelo manto rochoso, que por sua vez está coberto pela fina crosta que pisamos. Mas o material que se foi agregando há 4,5 mil milhões de anos, e que formou a Terra primitiva, não estava diferenciado. Isso foi acontecendo ao longo do tempo, com o ferro a viajar até ao centro, que transportou consigo outros elementos como o ouro ou a platina, que se ligam muito facilmente ao ferro. Se mais nada tivesse acontecido, o ouro que restaria no manto e na crosta seria muito menor do que o que se tem encontrado.

Matthias Willbold, da Universidade de Bristol, e os seus colegas autores do estudo foram testar esta teoria medindo o isótopo 182 do metal tungsténio em rochas da Gronelândia com quatro mil milhões de anos – estas rochas são um portal do tempo para a história geológica da Terra depois de a diferenciação ter terminado, mas antes da suposta chuvada de meteoritos ter acontecido.

Este isótopo 182 forma-se a partir de outro elemento que deixou de existir naquela altura. Se realmente milhões e milhões de toneladas de meteoritos tivessem caído, a variante do tungsténio iria diluir-se nas rochas terrestres formadas posteriormente. Por isso, à partida, os cientistas esperavam que o isótopo estivesse mais concentrado na rocha ancestral vinda da Gronelândia do que numa rocha formada numa altura mais recente.

Foi isso que o grupo confirmou: uma proporção de mais 15 partes por milhão do isótopo 182 nas rochas da Gronelândia do que nas rochas mais recentes, o que é um sinal forte de que uma chuva de meteoritos terá "enriquecido" a Terra. “O nosso trabalho mostra que os metais mais preciosos nos quais se baseia a nossa economia e processos industriais chave, foram adicionados ao nosso planeta por uma feliz coincidência quando a Terra foi atingida por 20 milhões de milhões de milhões de toneladas de material de asteróides”, disse em comunicado Willbold.

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