Subida de preços do petróleo tem feito diminuir a procura mundial

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A Líbia passou de uma produção de 935 mil barris por dia para 450 mil Andrew Winning/ Reuters

Os preços elevados do petróleo começam a afectar a procura, que tem tendência a cair há alguns meses, anunciou a Agência Internacional de Energia (AIE). A oferta dos países da OPEP também tem vindo a diminuir.

“Há um verdadeiro risco de que um preço do petróleo acima dos 100 dólares por barril não seja compatível com o ritmo de retoma económica”, escreve a agência no seu relatório mensal, avançado pela AFP. A AIE, sediada em Paris, observou que “o crescimento da oferta mundial de petróleo mostra sinais de abrandamento há já alguns meses, afectado pelos preços muito elevados”.

Após seis revisões em alta consecutivas, a agência decidiu manter inalteradas as suas previsões de procura do “ouro negro” para o ano de 2011. Prevê, tal como em Março, que a procura atinja os 89,4 milhões de barris por dia este ano, o que representa mais 1,6 por cento do que ano em 2010.

A AIE espera uma procura em alta dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), com realce para o Japão, que vai aumentar o seu consumo a partir do segundo trimestre de 2011, para reconstruir o país depois da catástrofe nuclear. Ao contrário, espera-se uma baixa a procura dos países que não fazem parte da OCDE.

No total, a procura mundial continuará a aumentar este ano, mas menos do que em 2010 (crescimento de 3,4 por cento em relação a 2009), onde o consumo atingiu 87,9 milhões de barris por dia, estima ainda a AIE.

Implicações da guerra civil na Líbia

Por outro lado, a produção mundial de petróleo caiu 700 mil barris diários em Março, para 88,3 milhões. Esta queda deve-se a uma baixa de produção na Líbia de cerca de 70 por cento. O país passou de uma produção de 935 mil barris por dia para 450 mil e está actualmente num ponto morto, depois do ataque a vários campos petrolíferos.

Assim, a oferta dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) diminuiu de 890 mil barris por dia em Março. Mas, “a perda de produção da Líbia e a escalada dos preços de 25 a 30 por cento desde o início da crise no país, em meados de Fevereiro, suscitaram, até agora, poucas respostas por parte dos outros membros da OPEP”, estima a agência, acrescentando que “os países produtores continuam a negar a necessidade de marcar uma reunião extraordinária antes da prevista para Junho, alegando que o mercado tem petróleo que chegue”.

Em Março, a baixa de produção da Líbia foi compensada por um aumento da oferta chinesa e brasileira. A produção dos membros da OPEP continua mesmo assim superior aos níveis dos anos passados, graças a um aumento da produção na Arábia Saudita desde o inicio de 2010. Mas a AIE estima que o crescimento da procura do “ouro negro” dirigida aos países da OPEP deverá “novamente aumentar na segunda metade de 2011”. “Tudo vai depender da maneira como a situação na Líbia vai evoluir”, conclui a agência.

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