Economia portuguesa contraiu-se 0,3 por cento no final do ano

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Nem as maiores vendas de carros conseguiram aguentar o consumo Fernando Veludo/ NFactos/ arquivo

O PIB português contraiu-se 0,3 por cento no quarto trimestre do ano passado, face ao terceiro, colocando em 1,4 por cento o crescimento da economia em 2010 face a 2009, segundo uma estimativa rápida divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

O recuo do produto no final do ano passado, que mesmo assim registou um crescimento homólogo (face ao último trimestre de 2009) de 1,2 por cento, deverá ter resultado sobretudo de um menor dinamismo das despesas das famílias, de acordo com a nota divulgada hoje pelo INE, o que adensa os receios de que 2011 seja ano de recessão em Portugal, como prevêem várias instituições.

Não são ainda conhecidos dados desagregados para as várias componentes do PIB nos últimos três meses do ano passado, mas o INE avançou já que as despesas de consumo final das famílias “desaceleraram”, mesmo com o “crescimento expressivo da componente de veículos automóveis”, enquanto o investimento registou “uma diminuição homóloga menos intensa” face ao terceiro trimestre.

Por outro lado, a contribuição das exportações para a variação homóloga do PIB manteve-se elevada no quarto trimestre, “embora um pouco inferior ao observado no trimestre anterior”.

O crescimento de 1,4 por cento agora avançado pelo INE para 2010 supera ligeiramente a previsão de 1,2 por cento do Governo.

Valor do terceiro trimestre revisto em baixa

O INE reviu entretanto de novo em baixa o PIB do terceiro trimestre, cuja variação face ao segundo está agora em 0,2 por cento, o que é justificado com alterações nos deflatores das importações e exportações.

Na primeira estimativa rápida, a variação era de 0,4 por cento, mas entretanto já tinha sido revista para 0,3. Consequentemente, o crescimento homólogo do terceiro trimestre foi passou de 1,5 por cento para 1,4, e agora para 1,3 por cento.

O último trimestre do ano passado foi o único do ano em que o PIB se contraiu face ao trimestre anterior, depois de um forte crescimento de 1,1 por cento no princípio do ano, seguido de 0,2 por cento no segundo e terceiros trimestres, muito à custa do dinamismo das exportações.

A confirmar-se esta apreciação preliminar do INE, o crescimento de 1,4 por cento agora anunciado para o conjunto do ano passado terá resultado muito das exportações, apesar de na primeira metade do ano o consumo interno também ter dado um contributo.

Depois de em 2008 ter ficado estagnada, mas já em recessão na segunda metade do ano (com o PIB a recuar em cadeia nos dois últimos trimestres, já com o impacto da crise internacional), a economia portuguesa entrou em 2009 ainda em queda, mas começou a recuperar no segundo e terceiro trimestres, tendo voltado a recuar no final do ano – que fechou com uma recessão de 2,5 por cento.

Última actualização às 12h03
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