Investigador norte-americano estima que manifestação de sábado juntou menos de 10 mil pessoas

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A manifestação antecipou a greve geral de dia 24 Raquel Esperança

O jornalista e investigador norte-americano Steve Doig estima que apenas tenham participado na manifestação da função pública de sábado entre oito mil a 10 mil pessoas, números muito abaixo dos 100 mil apontados pela organização.

De acordo com as estimativas do investigador, terão sido ainda menos, cinco mil, aqueles que assistiram sábado ao discurso do líder da CGTP, Carvalho da Silva, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, que marcou o final da manifestação.

Para fazer as contagens, o investigador norte-americano contou com a colaboração dos alunos de mestrado de jornalismo da Universidade Nova, onde leciona durante este semestre ao abrigo do programa de bolsas Fullbright.

“Um dos problemas para os jornalistas que fazem a cobertura deste tipo de iniciativas é efetivamente fazer uma contagem independente, porque os organizadores tentam sempre dar estimativas inflamadas”, explicou à agência Lusa o docente, que já tem feito este tipo de contagens em iniciativas nos EUA.

“Não é difícil fazer estas estimativas, mas é necessário algum tempo de planeamento”, disse.

Para efectuar as estimativas, foram usados vários métodos diferentes, de acordo com Steve Doig, entre os quais o recurso a fotografias, à aplicação Google Earth e a contagens no local.

Os resultados deste trabalho estão disponíveis no ‘site’ www.stevedoig.com.

“Tirámos, por exemplo, fotografias de um ponto alto para a Praça dos Restauradores para medir a densidade das pessoas que ali se deslocaram e posteriormente recorremos ao Google Earth para medir a área não ocupada do local”, explicou.

Para contar o número total de participantes, os estudantes posicionaram-se em diversos pontos da Avenida da Liberdade.

“Durante 63 minutos foram feitas várias contagens de 30 segundos para produzirmos uma média e chegámos ao valor de oito mil a 10 mil participantes no total, assumindo que muitas pessoas abandonaram a manifestação antes dos discursos”, disse.

Contactada pela Lusa, a coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, escusou-se a comentar esta contagem, referindo que os dados do sindicato têm como base os números da polícia.

O Comissário da Direcção Nacional da PSP, Paulo Flor, disse no entanto à Lusa que os valores relativos a manifestações e concentrações não são divulgados pelas autoridades policiais.

A manifestação, que decorreu entre a rotunda do Marquês de Pombal e a Praça dos Restauradores, contou também com o apoio declarado do secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa e do líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, que também esteve nos restauradores com mais dirigentes do Bloco.

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