Vontade de lançar o próprio negócio cai em Portugal ao ritmo mais elevado da UE

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Trabalhar por conta de outrem está a tornar-se mais atractivo PÚBLICO (arquivo)

O desejo de ser patrão ainda é maior em Portugal do que na média da UE, mas desde 2002, o empreendedorismo tem vindo a perder a sua atractividade.

Com menos vontade e capacidade para lançarem o seu próprio negócio e, em vez de serem trabalhadores de conta de outrem, serem patrões. É assim que estão os portugueses em tempo de crise, uma tendência a que não se assiste na generalidade dos seus parceiros da União Europeia.

A conclusão é retirada ao ler os resultados do inquérito Eurobarómetro, que amanhã será apresentado pela Comissão Europeia e onde se questionam os europeus sobre a sua propensão para o empreendedorismo. De acordo com os resultados ontem adiantados pela agência Lusa, os portugueses ficaram, quando se faz a comparação relativamente a estudos do mesmo tipo feitos anteriormente, com menos vontade para se lançarem em negócios por conta própria. O inquérito, levado a cabo em Dezembro de 2009, revela que agora 51 por cento dos portugueses preferiam ser "auto-empregados". É verdade que este número ainda fica acima da média comunitária, que se cifrou em 45 por cento, mas representa uma descida acentuada comparativamente a inquéritos anteriores.

No próprio inquérito, citado pela Lusa, observa-se que, nos últimos sete anos, a preferência pelo "auto-emprego" mantém-se "estável" na Europa, mas "os resultados para Portugal mostram um retrato diferente". Sendo um dos países que mais dificuldades económicas têm atravessado durante a última década, Portugal é também o Estado-membro onde o desejo de lançar um negócio próprio mais caiu relativamente a 2002, tendo descido 20 pontos percentuais.

No sentido inverso, os empregos por conta de outrém têm vindo a tornar-se mais atractivos. Em 2002, 23 por cento dos portugueses preferia estar nessa condição. Agora essa percentagem subiu para 39 por cento.

Para além das preferências, a passagem à prática do desejo de lançar o seu próprio negócio constitui ainda um obstáculo adicional para os portugueses. O inquérito mostra que é em Portugal que se encontra o menor número de pessoas (4 por cento) a afirmar que estão efectivamente a considerar essa possibilidade.

Lei fiscal discrimina

A Comissão Europeia apresentou ontem queixa contra Portugal perante o Tribunal de Justiça da União Europeia por considerar que a legislação fiscal portuguesa é discriminatória relativamente a empresas estrangeiras.

De acordo com Bruxelas, a legislação fiscal em Portugal pode, em certos casos, impor uma tributação mais elevada dos dividendos pagos a empresas estrangeiras face às empresas nacionais, já que, enquanto prevê "uma percentagem nula ou muito reduzida para a tributação dos dividendos nacionais, impõe aos dividendos saídos uma retenção na fonte de imposto cuja taxa pode ir até 20 por cento".

O executivo comunitário assinala ainda que Estado português não respondeu satisfatoriamente a uma anterior advertência formal.

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