Guilherme Figueiredo admite candidatar-se a bastonário dos advogadose critica "populismo" de Marinho Pinto

O presidente do Conselho Distrital do Porto da Ordem dos Advogados, Guilherme Figueiredo, admitiu hoje à Lusa estar disponível para se candidatar a bastonário nas eleições de 2010 e criticou a gestão e o “discurso populista" de Marinho Pinto.

“Eu não excluo essa hipótese e tem havido muita gente que manifestou interesse em que avançasse com uma candidatura a bastonário” dos advogados, afirmou Guilherme Figueiredo, numa entrevista em que teceu críticas à gestão do actual bastonário, Marinho Pinto.

Para o advogado, “o que se passa com esta Ordem é uma certa desordem”, sendo que “o Conselho Geral tem alguma dificuldade em criar consenso, porque não é capaz de gerir a opinião colectiva da Ordem”.

“O que sucede é que existem ideias colocadas pelo bastonário e que advogados e outras estruturas desconhecem. Isto cria um problema, porque falta uma ética de discussão e é essa essa ausência que está a causar problemas, criticou.

O presidente do Conselho Distrital do Porto criticou, também, a falta de actuação da Ordem junto do Governo, acusando Marinho Pinto de se “conformar com o poder político” e de ter uma “excessiva convergência com a política”.

Considerou mesmo necessário “um discurso alternativo da Ordem dos Advogados (OA) em relação à Justiça”, lamentando a “enormíssima omissão” daquela instituição no plano da discussão das grandes propostas legislativas.

“Penso que a Ordem devia ter um trabalho persistente, organizado e motivado pelo Conselho Geral e bastonário relativamente a questões fundamentais como o mapa da Justiça, a acção executiva, o problema das custas e do processo penal”, exemplificou.

Apesar da celeuma, Guilherme Figueiredo salientou que “a Ordem não deve viver em demissões” e que “os mandatos são para se cumprir”.

“Juridicamente entendo que pode haver demissão, politicamente não”, sublinhou.

Pensando já nas eleições de Novembro de 2010, altura em que termina o mandato de Marinho Pinto como bastonário da Ordem dos Advogados, Guilherme Figueiredo salienta que “a OA deveria encontrar um outro bastonário que não este e um Conselho Geral que não este”, frisando a necessidade de “encontrar um amplo consenso”.

Dos vários candidatos possíveis, Guilherme Figueiredo não exclui a hipótese de se apresentar, considerando que “o ideal era que existissem duas candidaturas: uma que represente o poder e outra que represente as diferenças e esteja de acordo com o código genético da Ordem” de discussão e contraditório.

“O que me diverge (de Marinho Pinto) é uma questão central, que é estar de acordo com o código genético da ética e da discussão, defender e preservar a diferença, defender o consenso e encontrar mecanismos de apresentar o que é a vontade colectiva da OA para afirmação no meio da Justiça”, salientou.

Ainda sobre a actuação do actual bastonário, Guilherme Figueiredo criticou o seu “discurso populista, não trabalhado, que vai de encontro aos que as pessoas querem ouvir e sem ética de discussão”.

“É um exercício de poder sozinho”, concluiu.

O advogado Luís Filipe Carvalho, ex-membro do Conselho Distrital de Lisboa e do Conselho Geral da Ordem dos Advogados, também já manifestou disponibilidade para se candidatar a bastonário da classe.

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