Grupo industrial português recebe a concessão da Pirites Alentejanas

Foto
Pouca rentabilidade das minas fez demorar o processo de negociação António Carrapato (arquivo)

Ao fim de vários meses de negociações, que o ministro da Economia classificou de "muito, muito complicadas" foi possível chegar a um acordo de base que assegura a reabertura da mina de Aljustrel. O novo proprietário da Pirites Alentejanas é o grupo industrial português MTO Irmãos Lúzias liderado por Carlos Martins e Jorge Martins, anunciado por Manuel Pinho ao princípio da noite de hoje na mina do Moinho em Aljustrel.

O governante revelou que as negociações entre a Lundin Mining grupo sueco/canadiano que detém até à próxima semana o couto mineiro de Aljustrel "já decorriam há meses" no meio de grandes reticências negociais, por se tratar de uma mina que "não é rentável", assumiu o ministro da Economia.

Com efeito a Lundin Mining tinha justificado a suspensão da actividade mineira no passado dia 13 de Novembro devido às baixas cotações do zinco nos mercados mundiais e aos elevados prejuízos, cerca de 45 milhões de euros que a empresa acumulou ao longo dos seis meses de actividade.

Manuel Pinho explicou como é que uma mina não rentável pode retomar a actividade: "O governo vai ceder a exploração da mina do Gavião, onde se acumulam ricos filões de cobre, à MTO Irmãos Martins." Esta nova jazida que se localiza a cerca de 10 quilómetros da mina do Moinho, foi o factor determinante nas negociações com a Lundin Mining e o Governo. Sem a sua exploração não era possível a retoma da actividade mineira em Aljustrel, através da exploração em simultâneo das minas do Moinho e do Gavião.

No entanto ainda vai ter que ser negociada o modelo de exploração desta última jazida, cuja concessão está na posse a Empresa de Desenvolvimento Mineiro, explicou o ministro escusando-se a entrar em pormenores.

Com as explicações apresentadas por Manuel Pinho, fica claro que a MTO Irmãos Martins não vai prosseguir com o modelo de exploração seguido pela Lundin Mining, considerado inviável em termos económicos. A actividade também não vai prosseguir a curto prazo.

O calendário apresentando pelo ministro da Economia para a retoma da actividade mineira está condicionado por uma série de estudos que ainda terão que ser desenvolvidos até que se comece a extrair cobre da mina do Gavião.

Assim, na próxima semana vai ser assinado o contrato de promessa entre a Lundin Mining e o novo concessionário. Um mês depois reúne a Assembleia Geral da Pirites Alentejanas para aprovar o contrato definitivo.

Seguem-se estudos e a elaboração de novos projectos tendo em vista a abertura de galerias na nova mina, que vão prolongar-se pelas contas de Manuel Pinho "durante meses" e só depois é que a actividade mineira toma o seu curso normal.

Entretanto, nas últimas horas, surgiram algumas dúvidas que teriam sido lançadas por João Carrêlo, administrador delegado da Lundin Mining, que teria referido a inexistência de um acordo entre as partes. Ao princípio da noite de ontem, o actual concessionário da Pirites Alentejanas veio confirmar o entendimento com a MTO Irmãos Martins.

Postos de trabalho estão assegurados

O ministro da Economia deixou claro que os postos de trabalho "estão assegurados". Mas quando o PÚBLICO o questionou se seriam os das Pirites Alentejanas ou os que foram contratados pelas empresas prestadoras de servido, Manuel Pinho não precisou alegando ser difícil neste momento precisar os número de postos de trabalho que seriam assegurados, frisando que as rescisões que entretanto se realizaram foram com "mútuo acordo".

No entanto Jacinto Anacleto, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira, garantiu que os trabalhores foram "pressionados" para rescindir o contrato. Dos cerca de 800 trabalhadores que exerciam funções na actividade mineira estarão neste momento cerca de metade. Entretanto o sindicato deu-se por satisfeito com a decisão tomada realçando, contudo, que os postos de trabalho têm de ser assegurados.

Sugerir correcção
Comentar