Livros recordam terramoto de 1755 em Lisboa

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Vasco Graça Moura traduziu o poema de Voltaire sobre o terramoto de 1755, "Poème sur le desastre de Lisbonne"

Os 250 anos do terramoto que abalou Lisboa e obrigou à sua reconstrução sob o pulso do Marquês de Pombal são o tema de vários livros recentes.

Rui Tavares, em "O pequeno livro do grande terramoto" (da editora Tinta da China), arrisca um paralelismo com o "tsunami" ocorrido em Dezembro passado no sudoeste asiático e com o ataque às Torres Gémeas, em Nova Iorque, em 2001.

Rui Tavares defende que tanto o "tsunami" como o ataque de 11 de Setembro "forçaram a humanidade a uma reflexão sobre a textura histórica, a identificação entre o bem e o mal ou as relações entre cultura, religião e realidade". Segundo Rui Tavares, o mesmo se passou depois do terramoto que arrasou Lisboa, e sobre o qual Voltaire escreveu um poema que a Alêtheia edita, numa tradução de Vasco Graça Moura.

O eurodeputado e poeta, distinguido este ano com o Grande Prémio de Romance e Novela e em Junho passado com o Prémio Internacional Diego Valeri pela tradução das "Rimas" de Petrarca, dedicou-se agora à tradução de "Poème sur le desastre de Lisbonne", no qual Voltaire, poeta e filósofo francês, escreve que "há fogo subterrâneo a engolir Lisboa".

Esta editora também publicou a correspondência do então núncio apostólico Filippo Acciauoli enviada à Santa Sé e que se encontrava no arquivo secreto do Vaticano.

Pinto Saraiva afirma que a correspondência do representante diplomático do Papa em Lisboa "resulta imponente, não só pelo conteúdo e estilo, mas também por proceder e acompanhar todas as outras" narrativas realizadas sobre o desastre que destruiu praticamente toda a capital.

Por outro lado, salienta o investigador português, Acciauoli procura cingir-se aos factos e "não partilha da visão apocalíptica de alguns pregadores" de então, que viam no terramoto "a cólera e a vingança" de Deus.

Testemunhos directos do terramoto surgem numa outra edição da Alêtheia, intitulada "Memórias de uma cidade destruída", onde se reúnem os registos dos párocos das igrejas da baixa lisboeta.

Assinalando também a efeméride, a Editorial Caminho publica uma obra de Henrique Dias da Gama sobre a baixa depois do terramoto, o período da reconstrução sob o pulso do Marquês de Pombal e o projecto de Manuel da Maia e Eugénio dos Santos.

"Baixa Pombalina - A Luz Escura do Iluminismo" é o título da obra que constitui um guia de interpretação desta zona da capital portuguesa que a Câmara Municipal quer candidatar a património da humanidade.

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