Frente Polisário liberta os últimos 404 prisioneiros marroquinos

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Marrocos é acusado de ter ainda vários prisioneiros da Frente Polisário DR

Um total de 404 prisioneiros marroquinos, os últimos detidos pela Frente Polisário em Tindouf, no sudoeste da Argélia, foram hoje libertados pelo movimento, após uma série de negociações mediadas pelos Estados Unidos, avança o Comité Internacional da Cruz Vermelha.

Os prisioneiros, alguns deles detidos há mais de duas décadas, deverão chegar ainda hoje a Agadir, no sul de Marrocos, "sob os auspícios do Comité Internacional da Cruz Vermelha" (CICV).

A libertação dos marroquinos foi já confirmada pela Frente Polisário, que luta pela independência do Sara Ocidental, anexado a Marrocos em 1975. Um acordo para a libertação foi assinado hoje ao final da manhã pelo CICV e o Crescente Vermelho do Sara, indicou à AFP o embaixador da Frente Polisário em Argel, Mohamed Beissat.

"A justiça foi feita", disse o porta-voz do Governo marroquino, Nabil Benabdellah. "Marrocos, apoiado pela comunidade internacional, exige há muito que a justiça seja reposta e, graças a essa pressão internacional, a libertação aconteceu", acrescentou Nabil Benabdellah, sublinhando o papel dos Estados Unidos na libertação de hoje, supervisionada pelo senador norte-americano Richard Lugar, a pedido do Presidente George W. Bush.

O senador Lugar, presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do Senado, esteve hoje reunido em Argel com o Presidente Abdelaziz Bouteflika, devendo ser recebido amanhã pelo rei Mohammed VI.

Perto de mil marroquinos foram feitos prisioneiros pela Frente Polisário após o início do conflito do Sara Ocidental, em 1975. Várias libertações parciais tiveram lugar desde 1987, sendo a última relativa a Janeiro deste ano.

Segundo o movimento, Marrocos tem ainda na sua posse vários prisioneiros da Frente Polisário. "A Polisário exige a libertação por Marrocos de 150 prisioneiros de guerra, 35 prisioneiros políticos e mais de 500 desaparecidos, detidos em segredo nas prisões marroquinas", alegou Mohamed Beissat.

O conflito no Sara Ocidental - antiga colónia espanhola anexada por Marrocos em 1975 - tem afectado ao longo de 30 anos as relações entre Argélia e Marrocos, levando à suspensão das actividades da União do Magrebe Árabe, que desde 1989 reagrupa Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos e Mauritânia.

A ONU tenta desde 1992 organizar um referendo sobre o direito à autodeterminação do antigo Sara espanhol, mas Marrocos e a Frente Polisário não se entendem sobre quem tem o direito de voto para se pronunciar quanto ao futuro do território.

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