“Um pouco cansado”, Beppe Grillo sai da liderança do 5 Estrelas

Partido italiano aprova directório de cinco elementos que vão dirigir a formação política fundada pelo cómico e blogger.

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Grillo na campanha para as legislativas do ano passado Filippo Monteforte/AFP

Numa votação na Internet, como é hábito do Movimento 5 Estrelas, uma maioria de 91% aprovou que a direcção do Movimento 5 Estrelas passe a ser constituída por cinco deputados do partido, após o afastamento do seu fundador o blogger e cómico Beppe Grillo.

        Numa votação na Internet, como é hábito do Movimento 5 Estrelas, uma maioria de 91% aprovou que a direcção do Movimento 5 Estrelas passe a ser constituída por cinco deputados do partido, após o afastamento do seu fundador o blogger e cómico Beppe Grillo.

Alessandro Di Battista, Luigi Di Maio, Roberto Fico, Carla Ruocco e Carlo Sibilia, os cinco nomes propostos e aprovados, são considerados dos mais fiéis ao criador do partido. A alteração foi aprovada por 91% dos 37.127 inscritos no blogue de Grillo. 

“Eu, a minha caravana e o meu blogue já não chegamos” para liderar o partido, disse Grillo, de 66 anos. “Precisamos de uma representação mais ampla. Estou, como diria Forrest Gump, um pouco cansado”, admitiu. O directório “dar-me-á conta regularmente da situação geral para que tomemos conta das decisões para construir o futuro do movimento”, garantiu Grillo.     

O líder do Movimento 5 Estrelas, que conseguiu 25% dos votos nas eleições de Fevereiro de 2013, não manteve a dinâmica e desceu para 22,7% nas europeias, em que tradicionalmente partidos de protesto conseguem melhores resultados. Alguns culparam então o estilo de Grillo e a sua postura irredutível em algumas questões, como a proibição dos seus membros darem entrevistas televisivas.

Mas os 163 eleitos do Movimento 5 Estrelas que deviam abrir o Parlamento italiano “como uma lata de atum” não tiveram esse efeito reformador — viram-se presos nas rotinas e preceitos da vida política, e são vistos mais como excentricidades, embora à mercê das saídas coléricas de Grillo.

O movimento tem visto algumas divisões e convulsões internas. Ainda esta semana provocou polémica o facto de dois deputados, Massimo Artini e Paola Pinna, terem sido expulsos do partido por alegadamente violarem as regras ao não devolverem uma parte dos seus salários.

O partido perdeu 22 eleitos, devido às purgas frequentes por Grillo considerar que não cumprirem as regras estabelecidas no partido, ou porque as pessoas saem partido por sua própria iniciativa. 

Nas mais recentes eleições locais, o partido teve maus resultados. Teve apenas 13% na Emilia Romana e 5% na Calábria, com o partido anti-imigração Liga Norte, que partilha a hostilidade de Grillo ao euro, a conseguir capturar mais votos de protesto do que o 5 Estrelas.

Na verdade, os jornais italianos têm vindo a descrever nas últimas semanas o crescente desencanto de Grillo, que fundou o partido em 2009, com a sua presença na política. Até Silvio Berlusconi surge com uma popularidade mais elevada que ele, numa sondagem divulgada na semana passada, nota a Reuters.

O Movimento 5 Estrelas, no entanto, é ainda a segunda maior força política de Itália, contando com quase 20% de apoio, segundo uma sondagem do instituto Ixe publicada na sexta-feira.      

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