Polícia indonésia detém 141 homossexuais em sauna de Jacarta

Autoridades locais falam em festa de sexo e acusam os detidos de violar a lei da pornografia. A homossexualidade não é ilegal no país.

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Alguns dos detidos pela polícia indonésia Antara Foto Agency/Reuters

A polícia indonésia deteve 141 homens para interrogatório, neste domingo à noite, na sequência de rusga a uma sauna gay em Jacarta. As autoridades indonésias dizem que estava a decorrer uma festa de sexo entre homossexuais, noticia o Guardian. A Reuters acrescenta, citando um porta-voz da polícia, que estaria em causa uma rede de prostituição gerida a partir de um clube no norte da capital. Dez dos detidos, incluindo o dono e funcionários desse clube, são acusados de violar a lei da pornografia e serão presentes a tribunal.

Os restantes detidos estão apenas a ser questionados, segundo o mesmo porta-voz, Argo Yuwono, uma vez que a homossexualidade não é ilegal no país. O episódio marca, no entanto, um período particularmente hostil vivido nos últimos meses pela comunidade LBGT indonésia, que tem sido alvo de uma onda de contestação e de actos discriminatórios. A polícia indonésia tem procedido a uma série de detenções.

Em Abril, seguindo uma queixa feita por vizinhos, a polícia fez uma rusga em Surabaya, a segunda maior cidade da Indonésia, que resultou na detenção de 14 pessoas — alegadamente envolvidadas numa orgia. De acordo com a Associated Press, as autoridades indonésias obrigaram estes  homens a realizar testes de VIH/Sida.

Esta terça-feira, dois homossexuais serão publicamente submetidos a uma sentença de 85 chicotadas cada, em Aceh. Ambos foram acusados de sodomia. É a primeira vez que o tribunal desta província aplica uma pena relacionada com a homossexualidade. Ainda que não seja ilegal na Indonésia, as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são punidas nesta província.

De acordo com o Guardian, o grupo activista LGBT Arus Pelangi diz que a comunidade gay em Jacarta tem sido alvo de uma onda sem precedentes de discriminação e ataques. Yulita Rustinawati, membro do grupo, disse que estes episódios de violência “são maus para a democracia, para a liberdade de expressão e de associação”. “Não temos a certeza do que é que o governo está a tentar fazer”, acrescenta Yulita Rustinawati.

Ainda segundo o jornal britânico, a série de eventos violentos tem origem na posição que alguns ministros têm adoptado, pronunciando-se de forma controversa e conservadora relativamente a relações entre homossexuais.

Desde 2008 que o país aprovou uma lei sobre a pornografia exibida e praticada na Indonésia. Em 2012, o então Presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, anunciava a criação de uma equipa responsável por apurar todas as publicações impressas ou virtuais de textos e imagens pornográficas e investigar sobre denúncias de comportamentos obscenos. Este organismo estaria presente em cada uma das 33 províncias indonésias. As penas podem ir até aos 15 anos de prisão e as multas até aos 218 mil dólares.

Texto editado por Hugo Torres

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