Republicanos não se entendem e adiam votação sobre projecto para revogar Obamacare

Estimativa de que nova lei faria com que 22 milhões de norte-americanos perdessem o seguro de saúde passados dez anos foi decisiva para o recuo.

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Protesto conta a revisão do Obamacare JUSTIN LANE/EPA

Perante uma oposição determinada dentro do seu próprio partido, o líder republicano do Senado, Mitch McConnel, viu-se obrigado a anunciar esta terça-feira o adiamento da votação da nova proposta para revogar a legislação de saúde conhecida como Obamacare.

A avaliação feita pelo Gabinete Orçamental do Congresso de que esta proposta faria com que 22 milhões de norte-americanos perdessem o seguro de saúde passados dez anos, e faria disparar as despesas de saúde para os mais pobres, foi decisiva para que McConnell se visse obrigado a recuar, quando pretendia fazer votar a proposta antes do feriado de 4 de Julho, quando o Senado faz uma pausa de uma semana.

Mas muitos senadores republicanos tinham já dito que iriam votar contra a legislação, revelada na semana passada, depois de ter sido elaborada à porta fechada por um grupo restrito de legisladores. O Better Care Reconciliation Act, um documento de 142 páginas, foi denunciado pela facção mais fundamentalista do partido, para quem qualquer coisa que não envolva a destruição completa das fundações em que assenta o sistema montado pelo anterior Presidente não serve. Mas também por senadores mais moderados, que tendo em conta a popularidade de muitos dos elementos da reforma de Obama e os custos políticos demasiado altos de cortar o financiamento e restringir o acesso a seguros de saúde a blocos significativos do eleitorado, principalmente os reformados, não se vêem a fazer os cortes radicais preconizados.

O adiamento da votação não garante que McConnel consiga garantir quórum no seu próprio partido para aprovar o Better Care Reconciliation Act – e qualquer esperança de um apoio do Partido Democrata está, à partida, fora de causa.

Durante a campanha, Donald Trump garantiu que assinaria uma nova lei do sistema de saúde que alargaria a cobertura e a qualidade das suas apólices e, ao mesmo tempo, reduziria os custos dos tratamentos e dos prémios que pagam às seguradoras. Contudo, o Partido Republicano não tinha uma alternativa pronta para oferecer aos americanos. Trump disse mesmo que "ninguém sabia que seria tão complicado."

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