Pedro Sánchez: os barões, a baronesa e a salvação

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Sánchez não tem o apoio dos barões para avançar com negociações SUSANA VERA/REUTERS

Eleito em 2014 numas primárias antecipadas para substituir Alfredo Pérez Rubalcaba, obrigado a abandonar a liderança do PSOE depois de um péssimo resultado nas eleições europeias desse ano, Pedro Sánchez não vai desistir facilmente de chegar ao Governo espanhol. Agora, para travar aquilo que os seus próximos descrevem como “ameaças de motim”, admite até alterar o calendário do congresso socialista para ser confirmado na liderança antes de tentar formar uma alternativa de executivo.

“Fuga para a frente”, gritam os críticos. “Irresponsável”, dizem em público e para serem bem ouvidos dois barões socialistas, os presidentes da Junta de Castela-La Mancha, Emiliano García-Page, e de Aragão, Javier Lambán. “Estou absolutamente convencido que o máximo responsável do partido que é Pedro Sánchez não vai incorrer na arbitrariedade, inconsequência e irresponsabilidade que suporia desdizer-se das suas próprias palavras e daquilo que discutimos até à saciedade”, afirma Lambán. “Confio plenamente na coerência e na palavra dada”, insiste Page.

Sánchez já devia ter sido substituído ou reconfirmado, mas depois das legislativas de Dezembro a direcção socialista decidiu adiar as primárias para a liderança (e o congresso que tem de confirmar a escolha da militância) até a situação de paralisia política estar resolvida, com um novo Governo nacional em funções. O problema é que Sánchez não tem o apoio dos barões para avançar com negociações (interrompidas durante a campanha para as autonómicas no País Basco e Galiza) e apresentar-se ainda no Congresso com uma proposta de coligação, tentando assim evitar uma terceira ida às urnas.

Os chamados barões e, em particular, a baronesa andaluza Susana Díaz, defendem abertamente que o lugar deste PSOE, que saiu das urnas com 85 deputados, é a oposição. Ao contrário de Mariano Rajoy, Sánchez perdeu votos em Junho, ainda que ao evitar a ultrapassagem que já muitos davam como certa pela aliança Unidos Podemos, conserve o lugar principal em quaisquer negociações.

Sánchez quer ser presidente do Governo, sim, nem que seja “por um quarto de hora”, como diz Rajoy, ou “três quartos de hora”, nas palavras do presidente do Cidadãos, Albert Rivera. Acima de tudo porque só dessa forma conseguirá manter-se na presidência do PSOE e salvar-se. A possibilidade de realizar primárias já em Outubro (antes do prazo para formar um novo Governo, que termina a 31 de Outubro) não agrada a Díaz. A presidente da região da Andaluzia já não esconde que quer liderar o partido e o país, mas este calendário não é do seu agrado.

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