Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil demitiu-se

José Serra justifica decisão com problemas de saúde.

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Reuters/UESLEI MARCELINO

O ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro, José Serra, demitiu-se, justificando a decisão com problemas de saúde.

Na carta enviada ao Presidente Michel Temer, José Serra diz que pede a demissão “com tristeza”, “mas em razão de problemas de saúde que são do conhecimento” do Presidente, lê-se no documento, em que o agora ex-ministro diz estar impedido de “manter o ritmo de viagens internacionais inerentes” à pasta ministerial. José Serra acrescenta que, “segundo os médicos, o tempo de restabelecimento adequado é de pelo menos quatro meses”, não detalhando o tipo de problemas de saúde que enfrenta.

Serra esclarece ainda que manterá o seu mandato como senador de São Paulo. 

Desde que assumiu funções, após a destituição de Dilma Rousseff, Michel Temer já perdeu sete ministros, contabiliza o jornal O Globo.

José Serra, de 74 anos, já concorreu por duas vezes (sem sucesso) à presidência do Brasil e era apontado como potencial candidato em 2018, embora seja improvável que o seu partido, o PSDB, o escolha, diz a Reuters.

Serra destacou-se como ministro de Saúde de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), quando desafiou a indústria farmacêutica internacional, ao permitir que o Brasil produzisse medicamentos genéricos sem a permissão das empresas que detinham as patentes desses fármacos.

De acordo com uma fonte próxima de Serra, citada pelo jornalista e colunista da Globo Gerson Camarotti, o ministro brasileiro "estava insatisfeito com a visibilidade restrita do seu papel no governo", uma vez que estaria a encarar a pasta como uma plataforma para atingir a visibilidade necessária a uma candidatura presidencial. Inicialmente, chegou a ser apontado como ministro das Finanças, cargo que ambicionaria, mas que acabou nas mãos de Henrique Meirelles.

Escreve o jornal Folha de S. Paulo que Serra estaria já com fortes dores há semanas, mas adiava a decisão com medo da reacção do Presidente brasileiro e por recear que a sua demissão fragilizasse o executivo de Temer.

Além disso, a imprensa brasileira aponta o aparecimento do nome de José Serra em acordos ilícitos com a construtora Odebrecht no âmbito da Operação Lava-Jato, noticiado em Agosto de 2016 e referente ao período da sua candidatura presidencial em 2010, como uma das razões do seu afastamento do Governo. Especula-se que o governante esteja a antecipar o fim do sigilo do acordo entre a empresa e a Justiça brasileira e queira por isso diminuir o impacto das divulgações para o Governo.

De acordo com o Globo, o Governo já está a estudar o próximo nome que assumirá a pasta. Na lista de candidatos ao cargo estão o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), actual líder do governo no Senado, e do senador José Aníbal, do mesmo partido. José Aníbal que ocupa o Senado como suplente de Serra.

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