Merkel arrasa Schulz no debate televisivo entre os dois candidatos

Candidato do SPD precisava de ganhar à chanceler, mas não conseguiu impor-se.

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A Turquia e a UE e os refugiados foram temas quentes do debate Fabrizio Bensch/REUTERS

Os dois candidatos à chefia do Governo alemão, Angela Merkel e Martin Schulz, têm visões distintas sobre a forma como a Alemanha e a União Europeia se devem relacionar com a Turquia. O assunto provocou o primeiro grande choque entre os dois candidatos à chefia do Governo alemão, que participam num debate televisivo ganho pela chanceler: 33% dos telespectadores da televisão ZDF acharam que Merkl foi, durante o debate, mais credível do que Schulz, que fez as preferências de 17% dos telespectadores.

Segundo outra sondagem, para a emissora ARD, que também transmitiu o debate, Angela Merkel transmitiu uma imagem de ser "mais competente, credível e simpática" do que Martin Schulz, diz a Reuters.

Schulz disse que, se for eleito, parará imediatamente as negociações entre Ancara e Bruxelas, que estão de momento congeladas. "Quando for chanceler, cancelarei as conversações entre a Turquia e a União Europeia", disse o candidato do SPD (sociais-democratas). Acrescentou: "Teremos que falar com os países da UE, mas quem quer que seja chanceler tem que dizer: foi cruzada uma linha vermelha." Schulz referia-se à situação política na Turquia de Recep Erdogan e também à detenção de 12 alemães nos últimos meses, acusados de vários crimes políticos.

Merkel (CDU, democratas-cristãos) disse que a campanha eleitoral alemã não pode servir para mostrar quem será o mais duro com Erdogan. Mostrou-se favorável a suspender as discussões sobre a participação de Ancara no mercado único, mas falou nos riscos de cessar totalmente os contactos. 

Schulz defendeu que não deve ser pago nem mais um euro à Turquia do acordo para conter os refugiados que, fugindo à guerra na Síria e Iraque, pretendem chegar à Europa.

Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu, acusou Merkel de ter dividido a Europa com as suas políticas - nomeadamente ao ter aberto unilateralmente a porta aos refugiados da guerra na Síria. "Precisamos de uma solução europeia para este problema, e perdemo-la, por causa da abordagem de Merkel", declarou.

"Precisamos de uma Europa unida", afirmou. "Vivemos num tempo de desordem. Precisamos de uma UE forte, e de uma Alemanha europeia", sublinhou. Sobre a questão dos refugiados, o líder do SPD disse que a sua integração na Alemanha "é um trabalho para uma geração."

Merkel, que abriu as portas à entrada de mais de 800 mil refugiados provenientes do Médio Oriente em 2015, e que não se arrepende disso, apesar dos custos políticos - "há momentos na vida de chanceler em que é preciso tomar uma decisão" - declarou. "Se formos honestos, alguns dos imigrantes turcos dos anos 1960 e 1970 ainda não estão integrados", afirmou. Essa é uma grande tarefa para muitos anos. "Mas o Islão é parte da Alemanha - embora um islão compatível com a Constituição", sublinhou.

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