Coreia do Norte ameaça lançar "ataque nuclear preventivo"

Exercícios militares conjuntos dos EUA e da Coreia do Sul começam poucos dias depois de o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado novas sanções contra Pyongyang.

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Kim Jong-un reage aos exercícios anuais de Seul e Washington AFP/KCNA/KNS

A Coreia do Norte voltou a ameaçar os EUA e a Coreia do Sul com um ataque nuclear, em resposta ao início dos gigantescos exercícios militares anuais que os dois países realizam em conjunto nas proximidades da península coreana.

Os exercícios Foal Eagle e Key Resolve ocorrem todos os anos por esta altura e envolvem, este ano, 300 mil militares sul-coreanos e 17 mil norte-americanos. Seul e Washington dizem que o seu objectivo é treinar a defesa sul-coreana contra possíveis ataques na região, mas Pyongyang acusa os dois países de quererem atacar o seu território.

Tal como em anos anteriores, o Governo da Coreia do Norte foi ainda mais duro do que é habitual nas ameaças contra os Estados Unidos e a Coreia do Sul, prometendo "um ataque nuclear preventivo e ofensivo" para lidar com "os exercícios conjuntos dos inimigos, que são exercícios nucleares mal disfarçados para porem em causa a soberania da República Popular Democrática da Coreia", lê-se num comunicado transmitido pela agência oficial KCNA.

KCNA, a agência que "varre os inimigos da face da Terra" só com palavras

Este ano, o início dos exercícios Foal Eagle e Key Resolve coincide com a aprovação pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas de um novo e duro pacote de sanções contra a Coreia do Norte, pelo que esta retórica mais inflamada de Pyongyang já era esperada.

Na semana passada, o Conselho de Segurança aprovou por unanimidade – o que inclui a China, o único aliado de peso da Coreia do Norte – o conjunto de sanções mais severo dos últimos 20 anos.

As novas sanções proíbem o comércio internacional com a Coreia do Norte de ouro, metais preciosos, combustível para aviação e mísseis, assim como carvão, ferro e minérios de ferro que possam ser usados para o seu programa nuclear. Qualquer navio de carga em direcção ao país ou de regresso do país deverá ser agora inspeccionado, e não apenas os que se suspeita poderem transportar armas ou materiais sancionados, como até agora. O embargo ao envio de armas à Coreia do Norte é agora total e inclui pequeno armamento.

Dependerá da China o cumprimento das novas regras, já que o país é responsável por uma fronteira porosa com a Coreia do Norte e ainda é o garante da sobrevivência do regime de Kim Jong-un. Apesar da aprovação, Pequim receia que a aplicação de sanções extremas aos norte-coreanos possa desencadear uma resposta radical da parte do regime, o que, por sua vez, poderia dar início a um conflito na sua fronteira. Na semana passada, quando o Conselho de Segurança aprovou o novo pacote de sanções, a China insistiu no regresso às negociações com a Coreia do Norte, interrompidas em 2009.

A decisão da ONU foi tomada em resposta aos mais recentes testes com mísseis, principalmente o anúncio, feito em Janeiro pelo regime norte-coreano, de que o país tinha detonado pela primeira vez bomba de hidrogénio – algo que não foi confirmado por fontes independentes. Em Fevereiro, Pyongyang lançou um novo foguetão em violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU – neste caso, a Coreia do Norte diz que o foguetão transportava um satélite e os seus países vizinhos e os EUA dizem que era mais um míssil balístico.

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