Bacu declara cessar-fogo em Nagorno-Karabach, mas Arménia desmente

Confrontos de sábado fizeram mais de trinta mortos e deixaram a União Europeia e a Rússia alarmadas. Erdogan diz que vai apoiar aliado azerbaijano até ao fim.

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Imagem de um vídeo distribuído pelas autoridades rebeldes que mostra uma casa destruída após os confrontos AFP

O Azerbaijão declarou um cessar-fogo unilateral nos confrontos em Nagorno-Karabach, que na noite de sábado fizeram mais de trinta mortos. Porém, a Arménia, que apoia os separatistas, garante que os combates continuam.

“Levando em consideração os apelos das organizações internacionais, o Azerbaijão tomou a decisão de cessar as operações militares retaliatórias”, afirmou à agência russa RIA Novosti o ministro azerbaijano da Defesa, Vagif Dyargahly.

O enclave controlado desde o início dos anos 1990 por separatistas arménios foi palco de violentos confrontos durante a noite de sábado. Os dois lados acusam-se mutuamente quanto à quebra do cessar-fogo em vigor e ambos sofreram várias baixas.

Os combates voltaram a ser retomados na última noite, diz a AFP, mas a um nível mais baixo de intensidade. A União Europeia e a Rússia apelaram de imediato ao apaziguamento de ambos os lados e ao regresso às tréguas.

Apesar da declaração de cessar-fogo por parte de Bacu, o Governo arménio – que apoia os rebeldes de Nagorno-Karabach, onde a maioria da população é arménia – disse que os combates continuaram na manhã de domingo.

“Nas últimas 24 horas, o Azerbaijão declarou por duas vezes uma cessação das hostilidades, mas na realidade (…) é que não foram tomados passos práticos do lado deles”, disse um porta-voz dos rebeldes arménios à agência Interfax, citado pela Reuters.

A violência na noite de sábado fez 18 baixas entre as forças rebeldes de arménios étnicos e 12 entre o exército azerbaijano. Dois civis foram mortos, incluindo uma criança de 12 anos, disseram os responsáveis da região.

O conflito em Nagorno-Karabach tem origem no início dos anos 1990, quando a maioria arménia da região decidiu proclamar a sua independência do Azerbaijão. Nos anos seguintes, uma guerra fez cerca de 30 mil mortos e só em 1994 foi alcançado um acordo de cessar-fogo. No entanto, o estatuto político do enclave ficou por resolver: formalmente Nagorno-Karabach situa-se dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas do Azerbaijão, mas é governado na prática pelos rebeldes apoiados por Ierevan.

Nas últimas duas décadas, o cessar-fogo foi quebrado de forma esporádica e a região mantém-se fortemente militarizada. Mas os confrontos deste sábado foram descritos como os mais sérios desde a guerra.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou este domingo que está disponível para apoiar o Azerbaijão “até ao fim”. A Turquia tem relações próximas com Bacu, que contrastam com a rivalidade em relação à Arménia, que tem por base a negação de Ancara em reconhecer o genocídio arménio cometido pelo Império Otomano durante a I Guerra Mundial.

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