Ataque de Israel à flotilha foi “uma violação grave dos direitos humanos”

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Soldados israelitas entraram nos barcos dos activistas Amir Cohen/Reuters

O assalto do Exército israelita contra as embarcações que transportavam activistas e ajuda humanitária a caminho da Faixa de Gaza foi “desproporcionado” e de “uma violência incrível e desnecessária”, diz a missão de inquérito do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Segundo o relatório desta equipa nomeada pelo organismo das Nações Unidas, há “provas claras” que poderiam fundamentar “diligências legais” contra Israel por causa do ataque em que morreram nove activistas turcos no fim de Maio.

“A missão chegou à conclusão firme de que a 31 de Maio existia uma crise humanitária em Gaza. A quantidade das provas provenientes é tão avassaladora que não é possível ter uma opinião diferente, e uma das conclusões que se retira daqui é que o bloqueio a Gaza é completamente ilegal”, afirmam ainda os investigadores a propósito do raide. A flotilha de navios, na sua maioria turcos, queria levar ajuda e protestar contra o bloqueio terrestre e marítimo que Israel impõe ao território palestiniano.

O relatório dos três peritos nomeados pela ONU assegura que “não houve tempo para compilar uma lista total dos abusos cometidos [pelos soldados israelitas], mas há provas claras para apoiar acusações dos seguintes crimes de acordo com o artigo 147 das Convenções de Genebra”, seguindo-se a lista das possíveis acusações: “assassino premeditado, tortura ou tratamento desumano, ou causar de propósito grande sofrimento ou feridas graves”.

A missão de investigadores – formada por Karl Hudson, de Trinidad e Tobago; Desmond de Silva, da Grã Bretanha; e Mary Shanti Dairiam, da Malásia – afirma-se ainda “impressionada” com os activistas da flotilha que interrogaram, por considerar que são “pessoas verdadeiramente comprometidas com o espírito do humanitarismo e com uma preocupação genuína pelo bem-estar dos habitantes de Gaza”.

Israel já reagiu ao relatório, qualificando-o de “parcial” e afirmando que “como se espera de um país democrático, Israel investigou – e continua a investigar ainda – o incidente da flotilha de Gaza”. “O relatório publicado é parcial e partidário, como o organismo que o produziu”, afirmou ainda em comunicado o Ministério Israelita dos Negócios Estrangeiros.

No dia 2 de Junho, o Conselho de Direitos Humanos da ONU votou uma resolução a aprovar o arranque de uma missão internacional independente com o objectivo de examinar “os graves ataques levados a cabo pelas forças israelitas contra a coluna humanitária de barcos” a 31 de Maio.

Israel defendeu sempre que agiu no respeito das leis internacionais mas, ao contrário do que aconteceu noutras ocasiões, a actuação militar contra estas embarcações, em águas internacionais, originou um duro coro de críticas, vindas nomeadamente das capitais da União Europeia. Mais silenciosos ficaram os Estados Unidos e a Turquia chegou a dizer a Washington que talvez fosse o momento de perceber que os turcos são aliados tão importantes como os israelitas.

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