Amnistia denuncia "condições chocantes" em centros de detenção no Iraque

Há centenas de pessoas detidas por suspeita de terrorismo mas o país não tem capacidade para averiguar os casos.

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Milhares de homens sunitas foram detidos sob suspeita de actividades terroristas Damir Sagolj/Reuters

As autoridades iraquianas mantêm em prisão preventiva centenas de pessoas suspeitas de terrorismo que estão aprisionadas em condições classificadas como "chocantes" pela Amnistia Internacional (AI). Esta organização denunciou ainda que o país não tem capacidade para processar todos estes casos, pelo que os detidos ficam em centros de detenções durante meses.

Um grupo da AI foi autorizada a visitar, na sexta-feira, um centro de detenção em Amriyat al-Faluja, na zona ocidental de Bagdad. "Encontrámos 700 pessoas, suspeitas de terrorismo, confinadas naquele local há meses", disse o secretário-geral da organização de defesa dos direitos humanos, Salil Shetty. "As condições em que são mantidos são chocantes, tendo cada pessoa cerca de um metro quadrado, não tendo espaço para esticar o corpo. As latrinas estão no mesmo espaço e os detidos recebem muito pouco alimento", denunciou Shetty.

No centro visitado apenas quatro funcionários investigam todas as suspeitas de terrorismo, explicou Donatella Rovera, assessora da AI para respostas a crises. Amriyat al-Faluja fica na província de Anbar, onde as forças de segurança iraquianas combatem o Estado Islâmico desde 2014.

Milhares de homens sunitas foram detidos sob suspeita de actividades terroristas, estando sem qualquer contacto com o exterior. "Nenhum foi formalmente acusado. As autoridades locais não têm capacidade para investigar estes casos", disse Shetty, acrescentando que há centros deste género por todo o Iraque.

"As autoridades locais não sabem como a maioria destas pessoas foi parar ao centro de detenção e acreditam que a maior parte delas está inocente", disse Shetty.

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