Milhanas publica álbum de estreia, De Sombra a Sombra, e novo videoclipe, Eu de prosa

Ao quarto single, Milhanas chega finalmente ao seu álbum de estreia, De Sombra a Sombra, que chega esta sexta-feira às plataformas digitais. Depois de ter lançado Lamentos, com videoclipe, em Novembro de 2021, estreou Mais que ao Sol em Janeiro de 2023 e Mundo em Março. Eu de prosa surge agora, a assinalar a chegada do álbum, e, segundo a sua autora, “foi escrito durante uma fase muito escura, de descrença perante a vida”. Já o álbum, ainda segunda ela, foi crescendo à medida que ela cresceu, “tanto a nível lírico como a nível musical”: “É um disco que tem várias alusões a poetas e músicos que acompanharam o meu crescimento enquanto pessoa e enquanto artista”, diz Milhanas, “conta e explora cronologicamente todas as minhas sombras, todos os meus lamentos”. Uma forma de se explicar ao mundo e a quem a ouve: “Não quero nunca que a minha obra pareça uma ode à tristeza porque não é, é um auto-retrato. No dia em que me sentir feliz, cantarei a alegria com a mesma verdade que canto a tristeza.” O disco nasceu de um trabalho conjunto com Rodrigo Correia, ganhando depois a produção (“mais electrónica”) de Agir e Jon.

Eu de prosa socorre-se de uma frase de Miguel Torga, tirada do texto introdutório à edição da sua Antologia Poética pela Dom Quixote (1994): “A impiedosa lucidez dos nossos dias, em que o cantor – quando se sente obrigado a prolongar a voz mediúnica de que é herdeiro – morre crucificado no próprio canto, a aperfeiçoá-lo até à exaustão, consciente de que é nele que se salva ou se perde e de que tem de o erguer imponderável como uma miragem e sólido como uma fortaleza.” Daqui, escreveu Milhanas estes versos: “Os poetas estão cansados/ De dizer o que eu não digo/ Falta-me a voz para contar/ O que eu quero e não consigo// O que dirá minha alma à vida/ Quando à morte se entregar/ Haverá quem compreenda/ E quem condene o meu pesar.”

Nascida em 2001, Carolina Milhanas começou a estudar música desde cedo, não fosse ela filha de um músico, Vítor Milhanas, que tem acompanhado Fausto Bordalo Dias a partir de finais dos anos 1980. Começou por estudar violino e depois técnica vocal, história da música, composição e teatro musical, vindo a integrar, segundo a sua curta biografia publicada pela Universal Music, um combo de jazz e outro de música moderna, participando ainda num coro gospel. Tendo Fausto como “a sua maior influência musical”, foi no fado que encontrou “inspiração para compor”, pois foi nele que conheceu “a força da palavra e da interpretação”. Isto depois de se apaixonar pela literatura portuguesa, ao estudar Humanidades no Secundário. Em 2022 participou no Festival RTP da Canção interpretando Corpo de mulher, de Agir, que ficou em 7.º na final.