Queimódromo relvado não está nos planos de Rui Moreira

Sugestão do PSD para incluir no Orçamento de 2017 da Câmara do Porto a "permeabilização" do terreiro onde decorre a Queima das Fitas não foi acolhida

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O Queimódromo recebia a área logística do Circuito da Boavista Nelson Garrido

O enorme espaço asfaltado contíguo ao Parque da Cidade, no Porto, conhecido como Queimódromo, deverá permanecer exactamente assim. O PSD levou à discussão sobre o Orçamento para 2017 do município uma proposta para “permeabilizar o espaço”, transformando-o em parte integrante do parque, mas a sugestão ficou em banho-maria, para ser discutida, eventualmente, no processo de revisão do Plano Director Municipal (PDM), em curso. Contudo, o presidente Rui Moreira já disse que a cidade “precisa de um terreiro desta natureza”.

Das oito propostas que o PSD queria ver incluídas no orçamento do município do próximo ano, a última, com uma dotação de 750 mil euros, previa a “anexação do Queimódromo ao Parque da Cidade”. Os sociais-democratas queriam, desta forma, “permeabilizar o espaço, passando a existir assim continuidade” com o parque e impedindo que ele “sirva apenas para iniciativas esporádicas ao longo do ano”. O documento, assinado pelo vereador Ricardo Almeida e pelo líder da bancada do grupo Porto Forte (que inclui o PSD) na Assembleia Municipal, Luís Artur, refere ainda: “A fruição contínua deste local é possível se existirem modificações que levem a que o asfalto se transforme num espaço verde idêntico ao existente no Parque da Cidade, compatível com as iniciativas regulares já existentes, nomeadamente com a Queima das Fitas”.

Na reunião do executivo de quarta-feira, em que o Orçamento foi aprovado, Rui Moreira analisou, uma a uma, as sugestões apresentadas pelo PSD e pelo Bloco de Esquerda, mas acabou por não dar luz verde à relacionada com o Queimódromo. O autarca argumentou que “o Parque da Cidade entra muito rapidamente em stress”, o que piora quando é sujeito a iniciativas que movimentam muitas pessoas. E admitiu que a existência dos 50 mil metros quadrados de área útil do Queimódromo “tem permitido, por exemplo, iniciativas como o Circuito da Boavista”. Apesar das provas automobilísticas deste circuito não terem regressado ao Porto desde que o actual executivo tomou posse, o autarca nunca pôs de parte que, com condições de financiamento, elas não pudessem regressar e, nesse caso, o espaço que acolhe toda a parte logística do circuito seria necessária.

Em relação à Queima das Fitas – que há vários anos se realiza naquele local –, Rui Moreira também não se mostrou muito favorável em colocar a festa dos estudantes num terreno relvado. “Ela pode ser num espaço não impermeabilizado, mas experiência anterior foi péssima”, disse o autarca, referindo-se à realização da Queima nos jardins do Palácio de Cristal e no parque do Covelo. “De facto, precisamos de um terreiro desta natureza”, sintetizou o presidente da câmara.

Ainda assim, Rui Moreira não quis fechar completamente a porta à sugestão dos sociais-democratas, remetendo uma análise mais profunda da proposta para outro fórum. “Gostava que este assunto fosse discutido no âmbito do PDM”, disse. O vereador do Urbanismo, Manuel Correia Fernandes, concordou que esse seria o espaço mais indicado para discutir o tema, afirmando: “Não é um problema muito simples, nem deve ser objecto de decisões casuísticas”.

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