Noite do Porto volta a ter metro, mas não nos feriados

Câmara do Porto avisa que será mais dura a rebocar, à noite, carros de quem abuse do estacionamento indevido.

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Com o Move Porto o metro transportou 330 mil pessoas em três anos PAULO PIMENTA

A Câmara do Porto promete não dar tréguas e passar a promover o reboque sistemático de viaturas que não respeitam as restrições ao estacionamento nas ruas do centro associadas à animação nocturna. Rui Moreira diz ter mais argumentos para exigir aos cidadãos o cumprimento das regras básicas de civismo dadas as alternativas existentes. Uma delas é o serviço MovePorto, que garante transporte público, toda a noite, às sextas e sábados, excluindo, pela primeira vez as vésperas de feriados a meio da semana.

Rui Moreira falava à margem da apresentação da quarta edição do MovePorto, mas tinha na memória a experiência recente do passado fim-de-semana do Serralves em Festa. A autarquia, a Metro e a STCP têm apostado, há anos, na criação de condições especiais de mobilidade para este tipo de eventos — como acontecerá já esta semana, de novo, com o Primavera Sound — mas, mesmo assim, numa iniciativa que cruzava cultura e ambiente, num dos mais belos parques verdes da cidade, o autarca viu jardins e espaços ajardinados da placa central de ruas na envolvente serem danificados por viaturas indevidamente estacionadas.

“Estamos a falar de pais a darem este tipo de exemplo de falta de civismo aos respectivos filhos”, insistiu. O mesmo problema de “utilização selvagem do espaço público”, assinalou, tem sido combatida no centro da cidade, quer com restrições à circulação automóvel, com fiscalização reforçada que já inclui, mesmo de noite, o reboque de viaturas, mas também com a oferta de contrapartidas, como o MovePorto.

O município, que começou por apoiar este serviço “extra” do metro pagando a sua promoção, deixou de o fazer e passou a despender 17 mil euros para pagar o reforço de segurança nalgumas estações da rede durante a noite.

O presidente da Metro do Porto, Jorge Delgado, nota que o sistema de metropolitano do Grande Porto tem excelentes índices de segurança mas, num serviço desta natureza, realizado de madrugada, os dois parceiros consideram que a segurança “percebida” pelos clientes é essencial para o sucesso da medida que, em três anos, permitiu transportar 330 mil pessoas e tirar automóveis das estradas, o que tem impacto na redução da sinistralidade, acrescentou.

Por outro lado, vincou Moreira, levar “mais pessoas para as ruas da cidade, à noite, é também um factor de segurança”.

Com este apoio “justo e razoável” da Câmara do Porto, e um patrocínio comercial na comunicação, que está a ser disputado por duas marcas conhecidas, a Metro tem conseguido ficar perto do equilíbrio operacional na prestação deste serviço específico.

A opção de deixar de o oferecer na véspera de feriados que não coincidam com o fim-de-semana prende-se com essa preocupação com as contas mas também com a percepção de que, nos anos anteriores, a procura era bem menor. Em todo o caso, a MovePorto estará disponível durante 17 fins-de-semana, ou seja 34 noites.

O serviço, que se associa à rede da madrugada da STCP, funciona na linha Azul, entre o Estádio do Dragão e a senhora da Hora, e na Linha Amarela, entre Santo Ovídio e o Hospital de São João. No Dragão, o parque metro ali existente tem um preço de 90 cêntimos, por 12 horas, para quem deixe o carro e apanhe o metro e, no outro extremo, já no concelho de Matosinhos, há um parque gratuito. As estações de Heroísmo e Lapa, na linha Azul, e as de Faria de Guimarães e Salgueiros, na Linha Amarela, estarão fechadas dada a pouca procura verificada em anos anteriores, explicou Jorge Morgado, da Metro do Porto. Para recorrer ao MovePorto, basta um título Z2, que custa 1,2 euros.     

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