Edifer, Eusébios, Hagen e MonteAdriano compradas por ex-quadros da Mota

Antigos responsáveis da Mota-Engil África adquiriram a totalidade do grupo Elevo, do fundo Vallis, por 90 milhões de euros. Acordo pressupõe aumento de capital e operação de reestruturação financeira.

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Pedro Gonçalves era até agora CEO do grupo Elevo ADRIANO MIRANDA

Já foram nomes fortes no sector da construção - Edifer, MonteAdriano, Hagen e Eusébios. Em 2012, depois de terem sido compradas pelo Fundo de Consolidação do sector da Construção - o Vallis, passaram a ser grupo Elevo. A partir desta segunda-feira, não mudaram de nome mas mudaram de dono. Os objectivos de Gilberto Rodrigues, ex-CEO da Mota-Engil África e actual CEO da Nacala Holding, a nova dona do grupo Elevo, é conseguir que o actual volume de negócios, de cerca de 450 milhões de euros, possa duplicar nos próximos cinco anos.

A transacção foi anunciada como tendo um valor global de cerca de 90 milhões de euros, entre aquisição de acções, um aumento de capital e a compra de créditos. “A presente transacção, que consiste na aquisição da totalidade do capital do Grupo Elevo, a par de um aumento de capital e compra de créditos bancários, traduz-se num reforço significativo dos respectivos capitais próprios, com a consequente redução do endividamento. E ambiciona posicionar a Elevo como um importante player na área das Infra-estruturas, Logística, Energia  e Ambiente, tanto em Portugal como no mercado internacional, especialmente em África e na América Latina”, lê-se num comunicado oficial divulgado pela Nacala Holding.

A Nacala Holding é uma sociedade de direito luxemburguês, integralmente detida pelos gestores Gilberto Rodrigues e Pedro Antelo, respectivamente ex- presidente executivo (CEO) e administrador financeiro da Mota Engil África, de onde saíram em Fevereiro de 2016. A Nacala Holdings dedica-se à gestão de participações no sector da engenharia e construção, com activos nos sectores do Imobiliário, Energia, Ambiente, e Concessões de Infraestruturas no continente Europeu, em África e na America Latina.

“Estou perfeitamente convencido de que, com as competências técnicas dos quadros destas empresas, com a nossa experiência e visão nos mercados externos, e um modelo de negócio mais ambicioso, chegaremos aos mil milhões de euros [de facturação] em cinco anos”, disse ao PÚBLICO Gilberto Rodrigues. As prioridades, nos próximos meses, passarão por visitar todas as estruturas do grupo, acreditando Gilberto Rodrigues que não terá surpresas, e desenhar uma estratégia que permita tirar partido da diversidade geográfica em que actua, em África e na América Latina.

Não será uma estreia para este engenheiro portuense que actualmente tem residência na África do Sul. Ter conseguido passar o volume de negócios da Mota-Engil África de 300 milhões de euros para 1500 milhões é o exemplo que o próprio dá na sua página pessoal na internet - e aquele que, sustenta, justifica ter recebido o prémio de gestor de ano em 2015 atribuído pela África Investor.  

No comunicado enviado às redacções, Pedro Gonçalves, até agora presidente executivo do Grupo Elevo e também do veículo Vallis Consolidation Strategies, considera que esta transacção “se traduz numa operação de saída [exit] bem sucedida”.

Em entrevista ao PÚBLICO no final do mês de Junho, Pedro Gonçalves, dizia que assim que estivessem reestruturadas, estas empresas deveriam voltar a ser colocadas no mercado. E lembrava que as empresas que constituem o grupo Elevo tinham já um percurso de cinco anos, haviam colocado no terreno um determinado plano estratégico e atingiram determinadas metas. Mas também não deixou de criticar “alguns bancos” que estavam a colocar muitos entraves na recuperação das empresas, dizendo ser “inaceitável que a banca ponha uma cruz no sector da construção”

Em Maio deste ano, uma notícia publicada no Expresso dava conta de que a banca teria de reconhecer, neste processo, imparidades de 540 milhões de euros - precisamente os activos sob gestão declarados aquando da constituição do fundo. Actualmente o grupo Elevo tem cerca de 3000 trabalhadores, sendo que menos de 600 trabalham em Portugal. A carteira de encomendas do grupo anunciada em 2015 era de 800 milhões de euros.

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