Taxa de desemprego caiu para nível mais baixo desde 2011

Há 559 mil pessoas desempregadas, segundo a estimativa do INE. Taxa está no nível mais baixo desde 2011

O desemprego em Portugal mantém sinais de uma trajectória descendente, com os dados mais recentes a mostrarem tanto um aumento da população empregada entre Abril e Junho, como uma redução do número de pessoas sem trabalho.

 A taxa de desemprego no segundo trimestre deste ano caiu para 10,8%, de acordo com a informação divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística. O valor fica 1,1 pontos percentuais abaixo do registado no segundo trimestre de 2015 e é uma descida de 1,6 pontos percentuais em relação primeiro trimestre de 2016.

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Trata-se ainda do valor mais baixo observado desde o primeiro trimestre de 2011, altura em que o INE começou a usar a actual metodologia. Aquele foi também o ano em que Portugal pediu um empréstimo internacional, dando início a um período marcado por uma crise económica e financeira e pelo acentuar de uma escalada no desemprego.

 As estimativas agora publicadas indicam uma redução de 12,6% na população desempregada face ao trimestre anterior (o que significa 81 mil pessoas) e uma descida de 9,8% em relação ao mesmo período de 2015. Ao todo, havia cerca de 559 mil pessoas no desemprego entre Abril e Junho deste ano.

 Já a população empregada teve uma subida de 2% em relação ao trimestre anterior (mais 89 mil pessoas empregadas), e de 0,5% em relação aos mesmos meses de 2015. O total rondava os 4,6 milhões de pessoas.

O crescimento do número de empregados é, no entanto, habitual nesta altura do ano, ressalva a análise feita pelo INE: “Este aumento é comum nos segundos trimestres de cada ano, ainda que com diferentes amplitudes. O aumento agora verificado é inferior ao de 2015, idêntico ao de 2014 e superior aos de 2013, 2012 e 2011”.

 Os dados indicam ainda que, no segundo trimestre, 143 mil pessoas que estavam no desemprego encontraram trabalho, a que se somam 24,7 mil pessoas que estavam em situação de inactividade (por exemplo, estudantes, reformados e pessoas que não procuravam activamente emprego). No sentido inverso, 78,6 mil pessoas que tinham trabalho passaram para o desemprego, enquanto 137 mil passaram a inactivas.

 Aquele aumento do emprego é um fenómeno a que não é alheio o turismo, que tem vindo a crescer em Portugal e que tem no segundo trimestre um dos períodos fortes. O Algarve viu a taxa de desemprego cair de 12,4% no primeiro trimestre para 8,1% no segundo, tornando-se a região do país com menos desemprego, algo que nunca tinha acontecido nesta série de dados. Com 13%, a região da Madeira foi aquela que registou a taxa mais elevada.

 Os números estão em linha com outros indicadores que já vinham a dar conta de uma descida do desemprego. Em Junho, a taxa de desemprego divulgada mensalmente pelo INE (ainda provisória e cuja metodologia é diferente do indicador agora publicado) estava nos 11,2%, fazendo com que aquele mês fosse o terceiro consecutivo a ficar abaixo da fasquia dos 12%.

Os números foram bem recebidos pelo Governo, que estima que, este ano, a taxa de desemprego desça para 11,4%, o que significa uma redução de um ponto percentual face aos 12,4% do ano passado.

Em reacção aos dados divulgados pelo INE, o secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, mostrou-se satisfeito com a evolução do indicador, mas foi cauteloso ao avaliar a saúde do mercado de trabalho em Portugal

"Há uma recuperação económica, está a voltar a haver criação líquida de emprego e os dados são animadores (...) mas são dados com que o Governo não embandeira em arco”, afirmou Miguel Cabrita, em declarações à agência Lusa. “Continuamos a ter questões importantes para resolver no mercado de trabalho", acrescentou o governante. "A taxa de desemprego, estando a este nível, que é um nível muito positivo, representa uma evolução muito positiva, mas há ainda muitas pessoas desempregadas e temos de continuar a trabalhar para baixar estes níveis".

 Dos 559 mil desempregados, perto de 359 mil (ou 64%) estavam à procura de emprego há pelo menos dois anos. Havia 65 mil pessoas que procuravam o primeiro trabalho.

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