Taxa do açúcar "impede" Sumol+Compal de prever vendas para 2017

Grupo fabricante de refrigerantes, sumos e néctares defende que Imposto Especial de Consumo sobre as bebidas açucaradas irá ter “impacte negativo certamente significativo” este ano.

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dro daniel rocha

O grupo cotado Sumol+Compal, maior fabricante português de bebidas não alcoólicas, considera nas suas perspectivas para 2017, divulgadas esta quinta-feira, “não ser aconselhável” divulgar “uma previsão da evolução do volume de negócios e da rendibilidade operacional” para o corrente exercício.

A declaração, feita no comunicado sobre os resultados relativos a 20016, esta quinta-feira divulgados ao mercado através do site da CMVM, associa a impossibilidade de divulgação de previsão de vendas para 2017 com os efeitos da entrada em vigor, há pouco mais de um mês, da chamada “taxa do açúcar” no país, que penaliza sobretudo os refrigerantes.

“Em Portugal”, escreve a administração da Sumol+Compal (S+C), o mercado de refrigerantes será negativamente afectado pela aplicação, a partir de 1 de Fevereiro, do Imposto Especial de Consumo às bebidas adicionadas de açúcar ou outros edulcorantes”.

“O impacto negativo será certamente significativo e mais forte”, contextualiza a gestão da fabricante de bebidas, “nas vendas do canal alimentar [redes de super e hipermercados], uma vez que nos estabelecimentos deste canal, o preço médio por litro da bebida tende a ser bastante inferior ao preço médio por litro das bebidas nos estabelecimentos do canal Horeca [de hotéis, restaurantes e cafés]”.

Ora, assumindo que “o mercado de refrigerantes é o que tem maior peso, em valor, na categoria das bebidas refrescantes”, explica, “ e a importância daquele mercado para a S+C”, a administração da companhia entende “não ser possível prever a evolução de negócios em 2017, em Portugal”.

E, finalmente, como o mercado doméstico representa “cerca de 70%” do volume de negócios da empresa, a previsão consolidada de vendas e rendibilidade operacional não é feita nas perspectivas para este ano, pelo menos para já.

Vendas crescem 5,4% no mercado doméstico

Em 2016, a companhia registou um volume de negócios de 355,8 milhões de euros (mais 4,3% do que em 2015), com 346,1 milhões de euros provenientes de vendas e 9,7% decorrente da prestação de serviços. A S+C vendeu 245,1 milhões de euros (mais 5,4%) em Portugal e 101 milhões de euros (mais 1,3%) nos mercados externos.

A fabricante, que tem unidades industriais em Portugal, Moçambique e Angola, acrescenta contudo que “o desempenho financeiro de 2016 está fortemente impactado pelas perdas cambiais líquidas nas operações desenvolvidas nos mercados africanos”, em consequência da “acentuada desvalorização das cotações das moedas locais”, nomeadamente o kwanza angolano e o metical moçambicano, “face ao euro e ao dólar dos EUA”.

Em Moçambique, apesar do crescimento “de cerca de 30% na moeda local”, as vendas registaram “um decréscimo em valor de 16,5%”. Em Angola, onde opera em parceria com os franceses da Castel, a S+C sofreu uma quebra de 1,4% das vendas.  

No final de 2016, o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, amortização e depreciação) era de 52,1 milhões de euros (mais 20,5% do que 12 meses antes), representativo de 14,6% do volume de negócios. O EBIT (resultado antes de juros e impostos) melhorou 26%, para 36 milhões de euros, e os “resultados consolidados com interesses não controlados” progrediram 24,7%, para 10,5 milhões de euros. 

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