SATA despede comandante na sequência de dois processos disciplinares

Em causa estão as críticas públicas feitas por Luís Miguel Sancho ao funcionamento da transportadora aérea açoriana.

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As declarações do comandante agora despedido motivaram um pedido de auditoria à SATA Rui Soares

A companhia aérea SATA despediu o comandante Luís Miguel Sancho, na sequência de dois processos disciplinares, garantindo a empresa que a decisão nada teve a ver com declarações polémicas do funcionário na comissão de inquérito à transportadora.

O comandante Luís Miguel Sancho confirmou nesta quinta-feira à agência Lusa que recebeu na segunda-feira a notificação da SATA a comunicar a decisão de despedi-lo, mas optou por não fazer mais comentários sobre o assunto, alegando que o mesmo está a ser estudado juridicamente.

Embora a decisão de despedimento não tenha sido tomada pelo actual presidente do conselho de administração da SATA, que assumiu funções a 18 de Dezembro, Paulo Menezes afirmou hoje à Lusa que, tanto quanto sabe, "o processo decorreu de acordo com as regras" e a decisão "não foi tomada de forma leviana".

Paulo Menezes garantiu, ainda, que os dois processos disciplinares de que foi alvo o comandante Luís Miguel Sancho "nada tiveram a ver com as declarações do mesmo na comissão de inquérito ao grupo SATA", que decorre até ao final do mês no parlamento dos Açores.

"Não há aqui nenhuma atitude persecutória por parte da SATA", assegurou o responsável, revelando que um dos processos disciplinares se prendeu com afirmações sobre a SATA feitas pelo trabalhador na rede social Facebook e outro referente a atitudes manifestadas com o conselho de administração.

Luís Miguel Sancho, comandante na transportadora aérea açoriana desde 2001, foi ouvido a 12 de Outubro na comissão parlamentar de inquérito ao Grupo SATA, em Ponta Delgada, onde classificou como "completamente obsoletos" os aviões A310 ao nível do conforto no interior da cabine, em comparação com a concorrência.

Aos deputados açorianos, o comandante deu ainda conta do que considerou serem incumprimentos do departamento de escalas da SATA, que "acarretam custos para a empresa e desmotivam trabalhadores".

"Sou pago para fazer 900 horas por ano, mas a empresa só me dá 300 horas por ano e pagam-me o mesmo ordenado. É uma empresa muito boa para mim, mas é incomportável manter-se as coisas nesses moldes", afirmou Luís Miguel Sancho, acrescentando que, por outro lado, "há colegas que têm muitas horas extra", pelo que "a empresa não está a rentabilizar os seus trabalhadores".

Na sequência destas declarações, o presidente do conselho de administração da companhia aérea em funções, Luís Parreirão, pediu à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) uma auditoria à SATA Internacional, para que não restem dúvidas sobre a segurança que a transportadora oferece.

 

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