Portugal desce dois lugares no ranking da competitividade

Acesso ao financiamento, burocracia e carga fiscal apontados pelos empresários portugueses como os maiores problemas da economia portuguesa.

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Portugal destaca-se, no índice, em inovação, prontidão tecnológica e educação superior Rita Chantre

Numa lista de 148 países estudados pelo Fórum Económico Mundial para promover um ranking de competitividade, Portugal surge em 51.º lugar, baixando duas posições em relação ao ano passado. A recuar no relatório desde 2005 (com excepção de 2011), a economia portuguesa não está longe do pelotão da frente no índice global, mas, como outros países da periferia europeia, enfrenta um clima económico instável e continua a ter má nota em indicadores como a chamada eficiência do mercado de trabalho e o desenvolvimento dos mercados financeiros.

O relatório, divulgado nesta quarta-feira, combina dados estatísticos oficiais relativos a 2012 com os resultados de um inquérito feito a 135 empresários executivos portugueses entre Março e Maio deste ano. No universo da União Europeia, Portugal ocupa a 19.ª posição – atrás de países como Irlanda, Espanha e Itália, e à frente de Chipre, Eslovénia e Grécia.

O índice parte de um conjunto de três grandes grupos de indicadores, para determinar se uma economia é movida por factores básicos (como as instituições ou a qualidade das infra-estruturas) ou mais por factores que têm a ver com a eficiência (aptidão tecnológica, educação superior ou dimensão do mercado) ou por factores orientados pela sofisticação e inovação.

Mas mais importante do que olhar unilateralmente para as descidas ou subidas de uma economia de um ano para outro, relevante no ranking é o facto de permitir “a qualquer economia – e a qualquer pessoa preocupada com essa economia – perceber onde estão os problemas principais e onde está o esforço principal para reduzir, combater ou eliminar esses problemas”, diz o economista Augusto Mateus – um dos rostos da apresentação do relatório em Portugal pela Proforum (Associação para o Desenvolvimento da Engenharia) e pelo Fórum de Administradores de Empresas (FAE).

Olhando de forma mais lata para a evolução de Portugal no ranking – e descontando a distorção causada pela entrada de novos países no ranking e pelas mudanças de metodologia que percorreram o índice ao longo do tempo – “é seguro dizer que a economia portuguesa, como outras economias europeias, está a regredir”. Apesar de recuar no índice, Portugal mantém-se no mesmo nível quando é calculado um estádio de desenvolvimento, situando-se na posição 4,4 numa escala de 1 a 7.

O secretário de Estado-adjunto e da Economia, Leonardo Mathias, desvalorizou a descida no ranking, referindo que o importante “acima de tudo” é o facto de Portugal manter a nota de avaliação. Para o governante, que a Lusa cita, os estudos sobre competitividade devem ser vistos com cuidado “na medida em que são fotografias e o Governo está empenhado em desenvolver um modelo económico sustentável”.

A verdade é que a economia portuguesa continua a ter maus desempenhos nos mesmos indicadores (clima macroeconómico, desenvolvimento dos mercados financeiros e eficiência do mercado laboral) e a destacar-se onde já estava bem colocada (inovação, aptidão tecnológica, educação superior e formação, por exemplo). “Ficamos melhor na fotografia pela importância que damos à educação; já não ficamos tão bem com o que conseguimos pelos resultados dos nossos processos de educação”, enquadra Augusto Mateus, que falava aos jornalistas depois da apresentação do relatório, em conferência de imprensa em Lisboa.

Na realidade portuguesa, o acesso ao financiamento, a burocracia, a carga fiscal, a instabilidade política e as leis laborais são alguns dos factores negativos mais sublinhados pelos empresários inquiridos. Como factores positivos, o relatório enfatiza a segurança, as infra-estruturas, o acesso a tecnologias e a saúde.

Para Augusto Mateus, se é expectável que “um conjunto de grandes economias emergentes” esteja a conquistar posições a países europeus, o que deve preocupar os agentes, no caso da economia portuguesa, é como progredir do ponto de vista da “capacidade de garantir prosperidade à população portuguesa” e sustentabilidade ambiental e social.

Como economia mais competitiva surge a Suíça, seguindo-se de novo Singapura, a Finlândia, a Alemanha, os Estados Unidos, a Suécia, Hong Kong, a Holanda, o Japão e o Reino Unido. Na edição deste ano, Portugal foi ultrapassado por três países – Cazaquistão, ilhas Maurícias e Indonésia.
 
 
 

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