"O que haverá para distribuir até 2021 é claramente irrisório”

Análise do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Luanda destaca que entre 2002 e 2008 houve uma oportunidade perdida para melhorar a vida da população angolana.

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"O essencial da acumulação de capital”, diz o CEIC, foi para grupos económicos do regime do MPLA MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Apesar de a economia angolana ter crescido a dois dígitos entre 2002 e 2008, perdeu-se a oportunidade de se distribuir melhor a riqueza do país. Em vez dessa redistribuição, “através do rent-seeking, [concentra-se] em grupos económicos do regime do MPLA o essencial da acumulação de capital”.

O diagnóstico foi feito pelo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Luanda, liderado pelo economista Alves da Rocha.

Na apresentação pública do relatório económico de Angola 2016, feita no passado dia 21 de Junho, os responsáveis pela análise ao país sublinham que “o que haverá para distribuir até 2021 é claramente irrisório”. Com o coeficiente de Gini (que mede as desigualdades) “imutável desde 2013 e com um valor de 0,427”, e com a inflação a voltar a passar a marca dos dois dígitos, este é um país onde ainda tudo depende demasiado do petróleo, com tudo a apontar para que a economia tenha sofrido uma contracção em 2016 (apesar de o FMI ainda não ter revisto a sua projecção de estagnação).

Para o CEIC, “só um safanão na estrutura económica do país – diversificação das exportações, salários condignos e capazes de gerarem a poupança das famílias, abertura da economia, valorização do capital humano, incremento da competitividade, melhoria dos ambientes de negócios – será capaz de provocar alterações significativas” no que apelida de “cenário de degradação sistemática do viver quotidiano dos cidadãos”. 

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