Irmão mais velho de Tony Blair decide caso dos swaps em Londres

Processo que envolve Santander e transportadoras públicas é um entre vários casos mediáticos de William Blair.

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A CMVM sustenta a reapreciação das queixas com falhas graves de informação a clientes do Santander sobre o risco do produto Ricardo Brito

O braço-de-ferro que se trava em Londres entre o Santander e quatro empresas públicas de transportes portuguesas é apenas um dos casos mediáticos do juiz William Blair. O irmão mais velho do ex-primeiro-ministro britânico tem actualmente em mãos um litígio que opõe a Líbia à Goldman Sachs e à Société Générale. O processo, em que os bancos são acusados de má gestão de investimentos no valor de três mil milhões de dólares, esbarrou nas dúvidas sobre quem manda, afinal, no fundo soberano de um país que continua mergulhado no caos na sequência da queda de Khadafi.

Também esteve envolvido no julgamento de Mukhtar Ablyazov, um milionário do Cazaquistão que foi condenado por fraude e apropriação indevida de fundos do banco estatal que dirigiu no país, o BTA Bank. Opositor ao regime cazaque, encontrou asilo no Reino Unido, e em 2012 acusava o juiz de ter promovido um arresto secreto dos seus bens. Outro caso emblemático de Blair, mas ainda no papel de advogado, ocorreu em 2007, quando representou a Líbia num processo em que o país foi condenado a pagar entre dez a 20 milhões de dólares a um fundo “abutre”.

Agora, o irmão mais velho de Tony Blair, que também estudou Direito, tem em cima da sua mesa, no Rolls Building, em Londres, uma acção de 1,8 mil milhões de euros perante a qual deu razão ao Santander. Na sentença conhecida no início deste mês, o juiz foi globalmente favorável ao banco, embora admitisse que sete dos nove swaps que vendeu às empresas públicas possam ser anulados, à luz do direito português. A partir de hoje, será chamado a analisar o recurso apresentado pelo Estado.

Considerado um dos mais proeminentes juízes do Reino Unido, e tendo-se especializado em casos relacionados com o sector financeiro, Justice Blair, como é formalmente conhecido, nasceu na Escócia e estudou direito em Oxford, no reputado Balliol College, por onde também passaram figuras como Julian Huxley, biólogo e humanista britânico, Seretse Khama, o primeiro presidente do Botswana, ou Adam Smith, filósofo e economista britânico.

Blair, que completará 66 anos no final deste mês, ingressou no Lincoln’s Inn, uma das quatro ordens do Reino Unido, em 1972, um ano depois de ter concluído os estudos. Vinte e dois anos depois, chegava ao Queen’s Counsel, um grupo restrito de advogados nomeados pela família real. A rainha viria, em 2008, a nomeá-lo juiz do Supremo Tribunal do Reino Unido, onde ainda hoje exerce, mais concretamente no Commercial Court, onde são maioritariamente julgados processos relacionados com seguradoras, bancos ou mercadorias.

Pelo caminho, o irmão mais velho do antigo primeiro-ministro britânico tornou-se presidente da Commercial Bar Association, uma organização com 1500 membros, e da International Law Association, que se dedica ao estudo e ao desenvolvimento da regulamentação internacional. É, já há vários anos, professor convidado da London School of Economics. E também lidera a Law and Ethics in Finance Project, um grupo informal de debate sobre a ética no sector financeiro.

Em 2007, o jornal The Guardian descrevia o juiz como “mais baixo, mais grisalho e mais careca” do que o irmão, mas também como “mais inteligente, mais bem pago e muito melhor advogado” do que Tony Blair. No ano passado, o Daily Mail escrevia, numa peça que se centrava nos seus rendimentos, que “tem sido sempre visto pelos amigos como o ‘verdadeiro’ advogado da família Blair”.

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