Governo procura acordo com fundos internacionais que perderam dinheiro com o BES

Está em causa uma indemnização que pode chegar até mil milhões de euros.

Foto
pcm patricia martins

O executivo de Amtónio Costa está a tentar chegar a um acordo com grandes investidores do Novo Banco, como os fundos BlackRock e Pimco, que perderam cerca de 1500 milhões de euros com a transferência das obrigações que detinham no Novo Banco para o BES “mau”, decididas pelo Banco de Portugal (BdP) no final de 2015. A notícia é avançada nesta sexta-feira pelo Jornal Económico, e o PÚBLICO apurou que o executivo já transmitiu ao BdP a informação de que tem mantido contactos com os investidores afectados e que estes terão manifestado disponibilidade para um acordo que ponha fim ao litígio. A contrapartida pedida pelo Ministério das Finanças é que a BlackRock e Pimco reinvistam, depois, em dívida pública portuguesa - um negócio que seria semelhante ao que foi celebrado com o Santander, na resolução do litígio sobre os polémicos swaps contratados a empresas públicas portuguesas. 

Está em causa, para já, está uma indemnização que pode ir de 750 milhões a 1000 milhões de euros, adianta o Jornal Económico, mas até agora, segundo fonte governamental próxima do processo, não há ainda um princípio de acordo com estes fundos internacionais. De resto, sublinhou uma fonte ligada ao processo ao PÚBLICO, qualquer desfecho nesse sentido terá sempre de ser feito entre as partes em litígio, neste caso, os investidores em obrigações retransmitidas do Novo Banco para o BES “mau” e a Autoridade de Resolução (o BdP).

O objevtivo do Ministério das Finanças com este acordo é fazer um "dois em um": garantir que um pagamento reverte, também, para o mercado de dívida pública, do qual ambos os fundos se afastaram desde que, a 29 de Dezembro de 2015, o BdP decidiu retransmitir as obrigações que tinha incluído no Novo Banco aquando da resolução para o "bad bank" que está com as dívidas por resolver do velho BES. E, em segundo lugar, resolver um litígio judicial com dois importantes fundos de investimento internacionais. Nos dois casos, o acordo ajudaria a baixar os custos de financiamento da República.

Segundo conta o mesmo jornal, já houve contactos e reuniões do supervisor com estes investidores, que terão registado uma posição "inflexível" do BdP quanto a um acordo: não pode dar uma indemnização com base numa taxa superior à que foi fixada para os chamados "lesados do BES", os compradores de obrigações vendidas aos balcões do antigo banco. Ao caso, de 50% do valor investido (para os maiores clientes).

Recorde-se que o Governo de António Costa tinha acabado de tomar posse há um mês, quando o Fundo de Resolução (comandado pelo Banco de Portugal) tomou aquela decisão - que desprotegeu os investidores, mas tirou um peso do Novo Banco, procurando uma solução para a sua venda. O executivo não gostou da decisão, que também prejudicou a evolução dos juros da dívida pública (na altura, em subida acentuada). E não poupou às críticas o governador Carlos Costa.  

Sugerir correcção
Comentar