Construção cria marca colectiva para promover sector

Marca colectiva para promover internacionalmente as empresas da fileira vai receber apoios do Portugal 2020

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O sector da construção poderá perder 140 mil postos de trabalho até ao final do ano Enric Vives-Rubio

O sector português da construção vai criar uma marca colectiva para promover internacionalmente as empresas da fileira e aponta os mercados de Espanha, França, Reino Unido, Colômbia, Peru e Cuba como prioritários para compensar as quebras em África. O presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), Reis Campos, disse ser esta a estratégia subjacente ao projecto "Rede Internacional da Construção Portuguesa", apresentado esta terça feira no Porto e que, com o apoio do Portugal 2020, quer marcar o futuro do setor em 2016 e 2017.

Segundo adiantou Reis Campos, a nova identidade comum do sector português da construção no exterior será GPC - Global Portuguese Construction e visa permitir às empresas portuguesas da fileira "reflectir toda a sua experiência e 'know how', diferenciando-se desta forma nos mercados externos".

Paralelamente à criação desta marca colectiva, a Rede Internacional da Construção Portuguesa aponta como mercados estratégicos na promoção internacional do sector a Europa (sobretudo Espanha, França e Reino Unido) e a América Latina (Colômbia, Peru e Cuba), estando previstas várias missões empresariais a estes mercados (à Colômbia já em agosto de 2016) até 2017.

É que, admitiu o presidente da AICCOPN, em termos de internacionalização o sector da construção vive actualmente "uma situação particular e preocupante", com o seu principal mercado - Angola, responsável por 2,1 mil milhões dos 10,4 mil milhões de euros das exportações do setor em 2014 - a atravessar sérios problemas, Moçambique a evoluir a um ritmo abaixo do previsto e o Brasil a revelar-se "muito complicado".

Globalmente, África representava em 2014 cerca de 63% do volume de exportação do sector e Angola 38%.

"Há que alargar esta plataforma de internacionalização e abrir novos caminhos", sustentou Reis Campos, destacando o papel que aqui desempenha "uma marca forte" e uma correcta "estratégia e planeamento do processo da internacionalização", estando por isso previsto o acesso livre das empresas do setor a uma plataforma com informação sobre concursos públicos em Espanha e em França.

De acordo com os últimos dados disponíveis, relativos a 2014, nesse ano a internacionalização do setor da construção e do imobiliário valia cerca de 10,4 mil milhões de euros (31,5% do volume de negócios da fileira), 5,6 mil milhões dos quais relativos à construção, 2,3 mil milhões a produtos de construção e 1,7 mil milhões a serviços de engenharia e arquitetura.

Estes números, salientou o presidente da AICCOPN, conferem ao sector um peso de 16,6% no total do mercado externo português.

Para além da redução da exposição do sector a Angola - que, ainda assim, considera ser um mercado "com potencial" e onde as empresas portuguesas devem tentar manter-se para estarem "na linha da frente" quando "acabar com este tormento"- Reis Campos aponta como essencial "uma ajudazinha" do Governo português na dinamização do investimento público no país.

"Este Governo encarou já, em algumas medidas, o sector da construção e do imobiliário como um setor necessário para o país. Nós só queremos fazer as obras que o país precisa e, por isso, queremos que o plano PETI (Programa Estratégico dos Transportes e Infraestruturas) avance, porque eram seis mil milhões até 2020, mas das 53 obras previstas temos só 16 no terreno, e uma delas - o Túnel do Marão - está a acabar", sustentou.

Para o dirigente associativo, "se houver uma ajudazinha do Estado em termos de investimento público o setor pode mudar de ciclo. Caso contrário, retrocederá", com as consequências "gravíssimas" que tal implica.

O objectivo, disse, é concretizar a expectativa da AICCOPN de que a primeira metade de 2016 seria de consolidação dos "números melhores" que se vinham apresentando no setor, "com menos insolvência e desemprego e mais carteira de encomendas e reabilitação", de forma que "o segundo semestre seja já um inverter de ciclo".     

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