Os melhores sketches dos Monty Python

Herman José, Nuno Markl, Pedro Mexia, Filipe Homem Fonseca, Rui Zink e Joaquim Leitão escolhem os seus momentos preferidos dos humoristas britânicos

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Até agora, são dez os espectáculos anunciados Reuters

Perguntámos a várias personalidades qual o seu sketch preferido dos Monty Python. A respostas são ilustrativas da diversidade do humor do colectivo de John Cleese, Graham Chapman, Michael Palin, Eric Idle, Terry Jones e Terry Gilliam. Nem um sketch surgiu repetido. Recordemos o homem que conserta bicicletas em terra de super-heróis, o concurso de resumos de Proust, a rábula do papagaio morto ou a anedota mais mortífera que a Humanidade já conheceu.

Nuno Markl, humorista

“Há dois que me deleitam por razões diferentes. Um é o do 'Bicycle Repair Man': a ideia de que num mundo integralmente povoado por Super-homens, o super-herói que eles chamam é o tipo que arranja bicicletas é de uma simplicidade genial. O outro é o lendário sketch do 'Papagaio Morto', porque representa tudo o que as regras dizem que a comédia não deve ser: é palavroso, longo e não tem final. E é das coisas mais hilariantes e geniais de sempre. Vai também contra a tendência actual de servir cápsulas às pessoas - lembro-me, num workshop, de mostrar isto a um grupo de jovens candidatos a humoristas e de eles não se rirem. E eu, desesperadamente, a dizer-lhes "malta, isto é o Shakespeare da comédia de sketches!" Mas muitos deles já estão noutra. É pena.”

 
Filipe Homem Fonseca, humorista e argumentista

“Não sendo 'O' favorito (é tão difícil escolher apenas um), é, sem dúvida, um dos meus preferidos: 'Confuse-A-Cat'. É uma lição de comédia - às vezes, a piada não está tanto no 'gag' em si, mas na reacção que se tem a ele. Os criadores de Southpark referem este sketch como sendo uma das suas grandes influências. Aquele gato somos nós, o público de Monty Python, em estado de perplexidade perante o 'nonsense' que se desenrola à nossa frente. Quando nos identificamos com o gato, mesmo que apenas a um nível subconsciente, surge a gargalhada. Tenho sempre isto muito presente quando escrevo ou realizo comédia. E a verdade é que esta é uma lição válida para todos os géneros, da comédia ao thriller.”

Herman José, humorista e apresentador televisivo

"Lembro-me de estar a ver a RTP 2 de ficar completamente avassaldo com o sketch sobre o SPAM. Entrava em ruptura absoluta com tudo aquilo que era suposto ser um sketch humorístico. Passados tantos anos, a modernidade mantém-se."

Pedro Mexia, cronista e poeta

"'Summarize Proust Competition' é um sketch que define bem o humor dos Monty Python: rapazes de Oxford e Cambridge que conjugam referências eruditas (a 'Recherche'), populares (os concursos televisivos de 'cultura geral') e brejeiras ('the girl with the biggest tits'). Não é preciso ter lido Proust para gostar da ideia de uma competição que tem como objectivo 'resumir' em segundos um intrincado romance com sete volumes: basta ter uma vaga noção de Proust, e do seu romance em sete volumes. Ao mesmo tempo, o 'concurso' tem tudo a ver com a memória e a passagem do tempo, que nos derrota sempre. Quer dizer, é um sketch ao gosto de Proust, que só discordaria do critério do júri."

Joaquim Leitão, realizador

“Escolho o mais perigoso. 'The Killer Joke' ('A Anedota Mortal'). Um sketch de 'morrer a rir'. Literalmente.”


 

Rui Zink, escritor

"O momento em que, no sketch de abertura no Hollywood Bowl, eles se viram e mostram o rabo ao público. Gosto deste sketch porque gosto dos Monty Python e gosto de rabos. E também, talvez, por ser a prova científica de que não foi a chamada 'Geração Rasca' que inventou o Vicente Jorge Silva."

 

 

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