Em 2012, a Film D comprou por sete milhões de euros a produtora portuguesa de cinema Tobis, onde foram filmados A Canção de Lisboa (1933), As Pupilas do Sr. Reitor (1935) ou O Leão da Estrela (1947). A empresa, que absorveu também o grupo de trabalhadores da Tobis, anunciou esta quarta-feira que vai encerrar actividade e cessar os contratos relativos a 20 postos de trabalho. O PÚBLICO confirmou a informação junto de vários trabalhadores da empresa – que já não detém o património fílmico nem museológico da Tobis.

Os trabalhadores foram informados esta quarta-feira pela administração da empresa, soube o PÚBLICO. Em comunicado, a Film D refere que “a decisão fica a dever-se às condições actuais de mercado, a uma degradação da sustentabilidade financeira da empresa e à alteração de circunstâncias directamente relacionadas com a sua actividade”. A empresa afirma também que o processo de despedimento colectivo em curso inclui “condições indemnizatórias dentro dos valores legais”.

A Film D trabalha na área o audiovisual e na migração de arquivos para meio digital, tendo integrado as valências de restauro e de pós-produção digital da Tobis e 19 trabalhadores que transitaram da mais antiga produtora de cinema portuguesa, cujo capital era anteriormente detido em 96,4% pelo Estado. O seu património fílmico está classificado como tesouro nacional e foi transferido para a Cinemateca Portuguesa – ANIM. 

Fonte da empresa disse ao PÚBLICO que “a Tobis era uma empresa com dificuldades" que "teve a possibilidade de salvaguardar o seu património [com a Filme D]", tal como "os seus colaboradores acabaram por ter uma oportunidade de trabalho durante alguns anos”. 

A Film D, ou Filmdrehtsich, é detida pela Berkeley Gestão e Serviços, empresa com sede em Angola pertencente à Elokuva, uma sociedade angolana de gestão empresarial, administração e gestão de bens móveis ou imóveis e consultoria na área do comércio internacional. A Film D foi criada especificamente para o negócio da Tobis tendo o resto da produtora sido dissolvido. A Elokuva, por seu turno, foi notícia esta semana por ter sido contratada pelo Governo angolano para a recuperação e a preservação do arquivo cinematográfico e audiovisual de Angola, num negócio de quase 30 milhões de euros, segundo noticiou a Agência Lusa.