Deslizamento de terras na Papuásia Nova-Guiné terá feito centenas de mortos

Alguns residentes falam em mais de 100 mortos, outros em 300. Dezenas de casas com os seus habitantes ainda a dormirem no seu interior ficaram soterradas.

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A aldeia de Kaokalam, na província de Enga, está localizada numa zona remota com poucos acessos NINGA ROLE / EPA
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Mais de 100 pessoas morreram esta sexta-feira num deslizamento de terras que soterrou por completo uma aldeia numa zona remota da Papuásia Nova-Guiné, noticiou a televisão ABC, citando residentes e media locais. Um habitante ouvido pela agência Reuters fala em “quase 300 mortos”. O deslizamento aconteceu em Kaokalam, uma aldeia na província de Enga, 600 quilómetros a noroeste de Port Moresby, a capital deste país do Pacífico Sul.

"Aconteceu quando as pessoas ainda estavam a dormir, nas primeiras horas da manhã, e uma aldeia inteira desapareceu", disse à televisão pública australiana Elizabeth Laruma, que dirige uma associação de mulheres empresárias em Porgera, na mesma província (perto da mina de ouro de Porgera) da aldeia atingida, explicando que as casas da aldeia foram esmagadas quando a encosta da montanha cedeu. "Pelo que pude apurar, mais de 100 pessoas foram soterradas”, afirmou.

O deslizamento de terras bloqueou a estrada entre Porgera e a aldeia, adiantou ainda, o que “vai ter um impacto muito grande em termos de bens, combustível e serviços" na vida "das pessoas de Porgera e da mina também".

Mais de 50 casas, muitas com famílias ainda a dormir no seu interior, ficaram soterradas quando o deslizamento atingiu Kaokalam, por volta das 3h, descreveu à Reuters, por telefone, Ninga Role, habitante da aldeia que se encontrava ausente. Segundo este morador, o número de mortos está perto dos 300, incluindo pelo menos quatro dos seus familiares. "Há algumas pedras, plantas e árvores enormes. Os edifícios desabaram", relatou. "Tudo isto está a dificultar a localização rápida dos corpos.”

Um homem voltou para trás para tentar salvar os seus dois filhos e ficou enterrado com a sua família alargada, descreveu Role. Imagens publicadas por Role nas redes sociais mostraram pessoas a trepar por rochas, árvores arrancadas pela raiz e por montes de terra à procura de sobreviventes, enquanto se ouvem mulheres a chorar ao fundo.

As autoridades ainda não avançaram com qualquer estimativa de vítimas. "Estamos a enviar funcionários responsáveis pela resposta a catástrofes, a Força de Defesa da Papuásia Nova-Guiné e o Departamento de Obras e Auto-estradas para se reunirem aos funcionários provinciais e distritais de Enga e para iniciarem os trabalhos de socorro, recuperação de corpos e reconstrução de infra-estruturas", disse o primeiro-ministro, James Marape. "Darei mais informações à medida que for sendo informado sobre a escala da destruição e da perda de vidas”, afirmou.

"Sinto-me muito triste. E sinto-me triste por toda a comunidade", disse Ninga Role à ABC. "Perderam as suas vidas, os seus entes queridos, as suas propriedades."

A Papuásia Nova-Guiné é uma nação em desenvolvimento que vive sobretudo da agricultura de subsistência e onde se falam 800 línguas. Fora das grandes cidades, há poucas estradas. Com 9,5 milhões de habitantes, é o país mais populoso do Pacífico Sul a seguir à Austrália, onde vivem mais de 26 milhões de pessoas.

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