Há rios cor-de-laranja no Alasca e a causa está nas alterações climáticas, conclui estudo

Dezenas de rios no Alasca ficaram cor-de-laranja devido ao descongelamento do solo gelado no hemisfério Norte. O fenómeno pode trazer consequências catastróficas para a biodiversidade.

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O fenómeno estará ligada ao degelo do permafrost no Árctico Josh Koch/ United States Geological Survey
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Cursos de água cor-de-laranja? No Alasca é uma realidade. Dezenas de rios do estado norte-americano estão a ficar laranja e a causa está nas alterações climáticas, aponta o novo estudo da revista Communications Earth & Environment. O fenómeno estará ligado ao degelo do permafrost, ou seja, ao descongelamento do solo gelado do Árctico, no Hemisfério Norte.

O degelo está a expor minerais ao oxigénio, num processo conhecido como meteorização, que aumenta a acidez da água e dissolve metais como zinco, cobre, e ferro – o metal mais aparente que dá aos rios uma cor enferrujada.

Citado pelo The Guardian, um dos autores do estudo e professor assistente de toxicologia ambiental da Universidade da Califórnia, Brett Poulin, disse que este “é um impacto imprevisto das alterações climáticas”.

O trabalho, publicado na passada segunda-feira, identifica pelo menos 75 rios e riachos desta cor na cordilheira Brooks, no Alasca. A maioria dos cursos de água foi observada por viagens de helicóptero na área.

Como consta no Live Science, Jon O'Donnell, autor principal do estudo e ecologista do Arctic Inventory and Monitoring Network, referiu em comunicado: "Quanto mais voávamos, mais começávamos a reparar em rios e riachos alaranjados". "Há certos locais que se parecem quase como um sumo de laranja leitoso”, adicionou.

O fenómeno foi inicialmente observado em 2018, quando os investigadores se aperceberam da aparência laranja dos rios em Brooks Range. No entanto, a investigação de satélites posterior revelou imagens de rios laranjas que datam de 2008.

A cor enferrujada é um fenómeno sazonal, ocorrendo tipicamente no Verão, durante os meses de Julho e Agosto, quando o solo é descongelado mais profundamente.

As transformações não se cingem ao fenómeno facilmente visível. As consequências entendem-se de igual forma à vida aquática, preocupando os especialistas relativamente à pesca nos Estados Unidos.

Os investigadores do Serviço Nacional de Parques, do Serviço Geológico dos EUA e da Universidade da Califórnia em Davis querem agora perceber melhor as implicações a longo prazo da mudança na química da água em lugares com permafrost contínuo, o que inclui regiões como o Alasca, Canadá, Rússia e partes da Escandinávia.

Segundo o The Guardian, o grupo de cientistas garantiu que estava a trabalhar em estreita colaboração com as comunidades no Alasca para garantir que estas obtenham informações precisas sobre o fenómeno em desenvolvimento.

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