Extremistas alemães da AfD expulsos do seu grupo no Parlamento Europeu

A União Nacional francesa já cortara laços com os radicais alemães, depois de mais uma polémica com o seu cabeça de lista às eleições europeias.

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Maximilian Krah já tinha alimentado outras polémicas antes das declarações sobre as SS Fabrizio Bensch / REUTERS
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Quando faltam duas semanas de campanha para as eleições europeias, o grupo Identidade e Democracia (ID) do Parlamento Europeu decidiu expulsar o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), nacionalista e xenófobo. A votação, nesta quinta-feira, decorre depois de o partido de Marine Le Pen ter anunciado que após as eleições os seus deputados não se sentariam no mesmo grupo dos extremistas alemães – uma tomada de posição conhecida depois de o cabeça de lista da AfD, Maximilian Krah, ter afirmado que nem todos “os que usavam uniforme das SS eram automaticamente criminosos”.

Há meses que a União Nacional (antiga Frente Nacional) tentava afastar-se da AfD e das polémicas que têm rodeado o partido, a maioria a propósito de acções ou palavras de Krah. Mas o partido francês tem tentado apresentar-se como menos radical e tem como prioridade a política interna e a próxima candidatura de Le Pen às presidenciais em França.

A Liga, o partido do vice-ministro italiano, Matteo Salvini, pôs-se ao lado da União Nacional e explicou que também procuraria “novos aliados” depois das eleições (que em Portugal se realizam a 9 de Junho). Em Portugal, o líder do Chega, André Ventura, disse que, apesar de não se rever nas palavras de Krah, não ponderava mudar de grupo, sublinhando que o seu partido tem relações com “todos os seus parceiros” do ID.

“O grupo ID não quer ser associado aos incidentes que rodeiam Krah”, informou o grupo parlamentar num comunicado.

A liderança do grupo que integra vários partidos da direita radical votou para expulsar o partido alemão, mesmo depois de outros eurodeputados da AfD terem tentado que a expulsão se limitasse a Krah. “Votei para expulsar Krah porque ele tem tido problemas neste caso e, antes, com vários temas, como as questões Rússia-China. Mas não apoiei punir todos os alemães”, disse ao Politico Jaak Madison, eurodeputado do Partido do Povo da Estónia.

Krah viu um seu assessor do Parlamento Europeu ser detido sob suspeita de espiar para a China e é ele próprio suspeito de receber pagamentos para promover posições próximas de Moscovo num site financiado pela Rússia.

Segundo os eurodeputados da AfD Christine Anderson e Gunnar Beck, a votação foi “muito renhida” e “apenas três delegações votaram activamente a favor da exclusão” – além da União Nacional e da Liga, o belga Interesse Flamengo. “A Afd no Parlamento Europeu está a pagar o preço pelas declarações descontroladas de Maximilian Krah, que prejudicam a AfD na Alemanha e isolam o partido na União Europeia”, afirmaram ainda, num comunicado.

Tanto a AfD como o partido de Le Pen esperam ter bons resultados nas eleições europeias, mas alguns partidos do ID terão concluído que seria demasiado grave perder a União Nacional.

“A AfD vai lutar por um grupo poderoso no Parlamento Europeu, com uma delegação mais alargada”, afirmaram os porta-vozes federais do partido alemão, Alice Weidel e Tino Chrupalla, num comunicado. “Para ter um impacto político em Bruxelas, é essencial a cooperação com os partidos afins. É por isso que estamos confiantes de que, na nova legislatura, teremos parceiros fiáveis ao nosso lado.”

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